O jornalista Manuel Vilas Boas entrevista o teólogo português Bento Domingues, defensor da ordenação presbiterial das mulheres e da liberalização do celibato eclesiástico.
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Foi sempre um combatente da liberdade este frade dominicano, nascido há 84 anos, no interior do Minho, nas proximidades de S. Bento da Porta Aberta, no concelho de Terras de Bouro. Escolheria como investigação teológica "A religião dos portugueses", baseada no controverso "milagre" de Fátima, transformado no "cais da saudade dos portugueses", em vaivém pelo mundo. Esta foi uma das intervenções mais marcantes do teólogo português, autoexcluído da Universidade Católica, onde nunca quis se intrometer, fazendo questão de defender a liberdade de pensamento de que nunca abdicaria. Foi, por isso, no inicio da sua atividade pastoral, obrigado, pela polícia política, a abandonar o país, tendo sido também impedido, pela igreja, de exercer o sacerdócio, durante algum tempo.
Especializou-se em teologia cristológica em Salamanca, Roma e Tolouse e ministrou cursos de animação de comunidades na Colômbia, Chile, Peru, Angola e Moçambique. Professor no ISET, em Lisboa foi fundador do curso de ciências da religião da Universidade Lusófona.
Defensor da ordenação presbiterial das mulheres e da liberalização do celibato eclesiástico, Bento Domingues militou em diversas caudas sociais, tendo, no regime anterior, apoiado os presos políticos. Conferencista no país e no estrangeiro, escreve, há mais de duas décadas, no "Público" e intervém, com assiduidade nas rádios e televisões. Esta sexta-feira, dia 15, recebe o título de doutor "honoris causa," na Universidade do Minho, ao lado de Laborinho Lúcio, jurista, político e escritor.