O secretário-geral do PS pediu hoje esclarecimentos sobre a solução encontrada para o Banco Espírito Santo (BES) e o apuramento de responsabilidades e defendeu a necessidade de «seguir o dinheiro dos contribuintes».
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«O país e todo o sistema, quer seja financeiro, quer seja o sistema de justiça, quer seja o sistema político, merecem uma explicação, merecem toda a verdade e se há erros que foram cometidos e se há crimes que foram cometidos tem que se agir, ninguém vive acima da lei neste país», afirmou o secretário-geral socialista, António José Seguro, em declarações aos jornalistas na sede do partido, onde recebeu esta manhã o candidato da FRELIMO à Presidência da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi.
Insistindo que «os portugueses merecem um cabal esclarecimento da situação», António José Seguro alertou ainda para a necessidade de «seguir o dinheiro dos contribuintes», porque não podem ser eles a «a pagar os erros dos privados».
«Uma coisa é um empréstimo que é feito, outra coisa é o pagamento desse empréstimo e as condições de pagamento desse empréstimo. É preciso que todos nós tenhamos uma atenção e um cuidado muito grande em seguir esse dinheiro de modo a que os contribuintes não venham a ter mais surpresas, não venham a ser surpreendidos», salientou.
Relativamente ao que levou à atual situação, o secretário-geral socialista classificou assunto como «demasiado grave», questionando sobre como foi possível chegar a este ponto e exigindo o apuramento de responsabilidades.
Até porque, acentuou, já ocorreram outras situações com bancos, nomeadamente os casos do BPN e BCP.
«Tem de se saber em primeiro lugar o que se passou, o apuramento de responsabilidades e se houve irregularidades, se houve crimes tem que haver responsáveis. Isto não pode passar com um encolher de ombros», notou.
Por outro lado, continuou o secretário-geral do PS, a solução encontrada precisa de esclarecimentos: "porquê este dinheiro? Porquê quase 5 mil milhões de euros que são necessários para o capital do Novo Banco? Porquê esta taxa de juro?", questionou António José Seguro, admitindo ter ficado surpreendido com uma taxa de juro tão baixa.
Manifestando «uma certa expetativa» sobre os esclarecimentos que o Governo irá dar na reunião da comissão permanente da Assembleia da República, que se realiza na quinta-feira depois de um pedido nesse sentido do PS, António José Seguro disse também serem necessárias explicações sobre os membros do conselho de administração do Novo Banco, que transitam quase todos da anterior administração do BES.
«Há uma série de explicações que precisam de uma resposta clara», repetiu, insistindo na necessidade de «ser tudo muito transparente».
«Não pode haver situações por baixo da mesa, tem de ser tudo muito claro», frisou admitindo que «há uma situação de alarme na sociedade portuguesa" e que as pessoas precisam de respostas.
António José Seguro alertou ainda para a necessidade de deste caso não existirem prescrições do caso, à semelhança do que aconteceu com um ex-banqueiro do BCP.
«Tem que haver o apuramento de responsabilidade e tem que haver responsáveis, tem que haver caras, não pode haver aqui um passa culpas a dizer "está resolvido o problema e agora o assunto morreu'. Não pode morrer, tem que haver esclarecimentos e têm que ser as principais instituições do país a fornecer esses esclarecimentos», frisou.