Marisa Matias considera que a decisão da Comissão Europeia de suspender as regras orçamentais é "importante", mas que está "cheia de limitações". Bloco defende que não se deve tratar de "suspensão temporária" para que todos os países recuperem economicamente e deixa ainda um aviso a Mário Centeno.
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"Mário Centeno deixa de ter desculpas". Posição vincada pela eurodeputada bloquista Marisa Matias sobre a decisão inédita tomada pela Comissão Europeia de suspender as regras orçamentais para que os países possam lidar melhor com os efeitos do surto do novo coronavírus.
Ainda assim, a farpa para o ministro das Finanças vem embrulhada numa crítica à própria Comissão Europeia. Numa sessão online do partido sobre a resposta a dar a esta crise global, Marisa Matias sublinhou que, "até prova em contrário, todas as medidas que são anunciadas preveem a manutenção futura dos limites do défice e do estrangulamento do investimento público".
"Se assim for, não é claramente necessário. O que se percebe, muito provavelmente, deste anúncio da Comissão Europeia é que a Comissão Europeia fê-lo mais por necessidade de não perder a cara do que por convicção própria. O que faria sentido, neste momento, era garantir que não se trata de uma suspensão temporária e que se permitirá a recuperação económica de todos os países e não a repetição daquilo que se passou com a crise financeira", alerta a eurodeputada.
A bloquista nota ainda que é "importante perceber como é que os tratados europeus continuam inquestionáveis e, ao mesmo tempo, se tomam este tipo de medidas", uma vez que na opinião da eurodeputada, "com os tratados europeus, não há margem para responder às necessidades reais e, muito menos, às sucessivas crises que vamos enfrentando".
Reconhecendo que esta "é uma medida importante neste momento", ainda que "cheia de limitações", Marisa Matias nota que o ministro das Finanças "deixa de ter desculpas" para não libertar verbas necessárias e que "é mesmo importante que a flexibilidade seja toda garantida e que a suspensão das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento que têm estrangulado a nossa economia e sociedade, não estrangulem ainda mais e não se agravem em situação de crise".