Bloquistas e comunistas não percebem o aumento das garantias do Estado para a banca. Já o PS acusou a «extrema esquerda parlamentar» de não perceber a importância dos bancos.
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O Bloco de Esquerda e o PCP mostraram-se descontentes por o Governo estar disposto a aumentar as garantias do Estado para a banca e o mecanismo de apoio à solvabilidade bancária no ano em que o Estado impôs um imposto extraordinário às famílias portuguesas.
«No mesmo ano em que o seu Governo vai retirar metade do subsídio de Natal às famílias portuguesas, está disposto a dar 12 vezes esse valor para a banca», perguntou o deputado bloquista Pedro Filipe Soares ao ministro das Finanças, no debate sobre o primeiro orçamento rectificativo, no Parlamento.
O comunista Honório Novo pediu a Vítor Gaspar para que explicasse «porque quer passar de 20 mil para 35 mil milhões de euros o limite das garantias» do Estado à banca e o mecanismo de apoio à solvabilidade bancária de pouco mais de nove mil para um máximo de 12 mil milhões de euros.
«Só para agradar à troika? Só para obedecer? Só para agradar ao PS que negociou o memorando?», perguntou Honório Novo no dia em que o titular da pasta das Finanças explicou que a primeira proposta de orçamento rectificativo que o Governo quer apresentar serve para acomodar obrigações a nível europeu e no âmbito do memorando assinado com o FMI e a União Europeia.
Na resposta às perguntas dos deputados do Bloco de Esquerda e do PCP, num debate mais rápido que o previsto, Vítor Gaspar lembrou que a «prioridade da manutenção da estabilidade financeira no quadro de uma crise financeira tem que com as funções que o sistema financeiro desempenha».
Neste âmbito, Vítor Gaspar destacou a «realização de pagamentos que exercemos numa base diária e a canalização de poupanças disponíveis para oportunidades de investimento» e frisou que as preocupações com a estabilidade financeira «nada têm a ver com os accionistas de bancos».
«Têm a ver com a protecção dos clientes dos bancos, sejam eles depositantes, famílias ou empresas», sublinhou o ministro das Finanças, que viu a sua posição ser apoiada pela bancada parlamentar do PS.
O socialista João Galamba considerou que a «extrema esquerda parlamentar» não entende que os «bancos e a estabilidade financeira são fundamentais para assegurar, não a protecção de accionistas de bancos e banqueiros», mas para a «protecção das condições de financiamento da economia portuguesa».
Para este parlamentar socialista, estas medidas servem também para ajudar as «empresas portuguesas, as PME e, senhores deputados, os trabalhadores que tão afincadamente dizem proteger, mas que, na prática, não protegeram nem nunca protegerão».