O arroz de lampreia à moda de Penacova tem fama e é confecionado num restaurante de aspeto simples, junto ao Mondego, a dois passos da vistosa Livraria.
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Enquanto as barcas serranas navegaram no maior rio nascido em Portugal, foi um dos maiores e mais importantes portos fluviais do país. Conheceu o apogeu no século XIX, dada a localização estratégica entre o litoral e o interior.
O local é Porto da Raiva, no Mondego, em tempos cais privilegiado para fazer chegar o sal vindo da Figueira da Foz até Espanha, ao mesmo tempo que permitia o escoamento das mercadorias oriundas das Beiras.
Aquele troço do rio é bem conhecido pela Livraria do Mondego, conjunto de quartzitos bem visíveis do IP3 e dispostos como livros inclinados numa estante, tal a graciosidade escultórica do conjunto moldado pelo tempo há cerca de 400 milhões de anos.
Pelo calendário gastronómico nacional é tempo de lampreia, iguaria com fama por aqueles lados. Aliás, Penacova, ali bem perto, reclama o estatuto de Capital da Lampreia. Ou não tivesse justificada fama o arroz do ciclóstomo cozinhado com esmero á moda daquela região que não escapou à sanha destruidora dos trágicos incêndios de outubro de 2017.
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Seguindo junto ao Mondego, pela estrada paralela ao IP3, é fácil deparar com o restaurante Boa Viagem, onde o «bichinho feio», um dos epítetos da lampreia, é especialidade.
Casa simples sob todos os aspetos, apresenta lista baseada em pratos de bacalhau - meia dúzia de opções: à Brás; com grão; no forno; com broa; à lagareiro e à casa --, completada com polvo e peixe grelhado, dourada e salmão, entre outras espécies.
As enguias e o tradicional ensopado; sável com açorda, peixinhos do rio e chanfana reforçam a identidade regional do restaurante onde, por estes dias, a «flauta de sete olhos» é rainha.
Até chegar à cozinha, onde mãos experientes a transformam em apreciada iguaria, a lampreia permanece em tanques de água doce corrente, onde perde peso, ganha consistência e adquire cor escura.
Era prática habitual as lampreias serem colocadas, no rio, em caixas de rede, permanecendo desse modo em águas correntes. O fator proximidade justificou, em tempos, a existência de vários restaurantes, mas com aquela prática em desuso, o número é menor.
De regresso à cozinha, atenção ao fogão: o período de cozedura do ciclóstomo não deve ser inferior a uma hora. Esse cuidado, faz a diferença.
Outro fator importante: a qualidade dos produtos. A começar pela lampreia, arroz e a terminar nos ingredientes dos temperos, incluindo o vinho,
Muitos apreciadores optam ainda por grelos cozido para acompanhamento.
Sobremesas tradicionais.
Garrafeira limitada.
Serviço com algumas falhas neste restaurante para saborear lampreia.
Boa Viagem, em Porto da Raiva, Penacova.
Onde fica:
Localização: Rua Nossa Sra. da Boa Viagem 1, 3360-132 Porto da Raiva, Oliveira do Mondego (Penacova)
Telef.: 239 477 256 ; 917 649 081