Bob, o gato de rua que salvou a vida a um toxicodependente. História está em livro
É, talvez, o gato que mais livros já "vendeu" em todo o mundo. E ainda vai a tempo de o conhecer em Lisboa.
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São mais de 8 milhões de livros vendidos em cerca de 40 países. Bob e o dono, James Bowen, antigo toxicodependente, obrigado a viver na rua durante boa parte da vida, estão em Portugal para apresentar o novo livro e, claro, dar autógrafos.
O livro chama-se "O que aprendi com Bob" e é o quarto editado em Portugal. Nele, James conta que lições aprendeu com um gato "especial", um companheiro que deu um rumo à sua vida.
Já lá vão 11 anos, desde que um gato alaranjado, magro e ferido, apareceu nas escadas do prédio de Londres, onde James Bowen vivia, na altura, após largos anos sem qualquer teto.
Por esses dias, James tocava música na rua, numa tentativa de ultrapassar os piores anos da sua vida e de largar a dependência das drogas.
Não queria um animal de estimação, por isso, devolveu o gato à rua, depois de recuperada a saúde do animal.
"Almas gémeas"
Mas, pouco depois, Bob regressa a "casa", para nunca mais sair. E James percebe que tem de mudar. "Trato-o como um filho; e, para isso, tive de garantir que, primeiro, sei cuidar de mim", afirma, sorridente.
Com o passar do tempo, Bob começa a acompanhar James, enquanto ele toca nas ruas de Londres. Saem todas as manhãs de autocarro, o gato no ombro do dono, e o regresso a casa não é diferente. É a companhia de cada instante, a cada dia. Tornam-se inseparáveis. "Somos, efetivamente, almas gémeas", descreve James.
Bob não é o primeiro gato que teve. Mas o músico assegura que nunca conheceu um que fosse tão "inteligente, explorador e que ficasse tão feliz" por ir com ele para todo o lado.
Rapidamente a história de ambos acabaria em livro.
Querido diário
À conversa com a TSF, James Bowen não esconde a surpresa que foi o tamanho sucesso dos livros. Escrevê-los foi uma "espécie de catarse, um querido diário", onde está toda a luta para "voltar à vida".
Mas nem tudo é fácil de partilhar. Uma das coisas mais difíceis tem a ver com a necessidade de pedir ajuda, quando dela precisou. Reconhecer que tinha "batido no fundo" e que, sem auxílio, não voltaria à tona.
James garante que a fama não o mudou. "Ainda sou o mesmo. E o Bob também". Mas a verdade é que a vida levou uma volta de 180 graus. "Num dia, estávamos na rua, não éramos ninguém; no outro, estávamos em hotéis de luxo, um pouco por todo o mundo, para promover os livros".
Cansado, mas um... "rapaz feliz"
Enquanto o dono conversa com a TSF, Bob não pára quieto. Passeia por cima dos sofás, da mesa de centro do "lobby" do hotel que os acolhe, em Lisboa, e cheira tudo o que há para cheirar. Até tem direito a um biscoito para gatos. Está "resmungão", nota James.
"Foi um dia muito longo", explica. "Estivemos num abrigo para animais, em Monsanto; também demos algumas entrevistas, por isso, está um pouco cansado. Mas, mesmo, assim, colabora. É um rapaz feliz, adora viajar e conhecer pessoas".
Pessoas, muitas pessoas... é o que se adivinha para as duas sessões de autógrafos programadas para Lisboa. A primeira aconteceu esta quarta-feira, na livraria Bertrand do Chiado; a segunda é esta quinta-feira, na Fnac, no Centro Comercial Colombo, pelas 18H30.
Pelo caminho, Bob já ganhou alguns presentes, cachecóis sobretudo. Uma espécie de imagem de marca deste felino alaranjado. Afinal, revela James Bowen, "ele tem mais cachecóis do que a Imelda Marcos tinha sapatos!!!".
A vida de Bob pode ser seguida na página de Facebook "A Streetcat Named Bob".