Bodycams na Polícia Marítima. Associação teme que haja mais câmaras do que operacionais
A Polícia Marítima vai ser a primeira força a receber bodycams. Estes equipamentos são bem recebidos pelos polícias, mas não escondem problemas.
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O anúncio foi feito esta segunda-feira. Em comunicado, a Autoridade Marítima Nacional garantia que "a entrega das bodycams e tasers permitirão à Polícia Marítima o uso de técnicas de dissuasão menos violentas, protegendo de forma mais eficaz a integridade física de polícias e cidadãos".
É um argumento com o qual a Associação Sócio Profissional da Polícia Marítima concorda. Contudo, o presidente da associação lembra outros dados.
Aníbal Rosa afirma que a Polícia Marítima vai receber "cento e poucas câmaras" e assim a força "começa a ter grande dificuldade para ter elementos suficientes para utilizar essas câmaras". Ou seja, há bodycams, mas não há polícias.
Para o presidente da Associação Sócio Profissional da Polícia Marítima, "quando o secretário de Estado e a ministra [da Defesa, Helena Carreiras], em jeito de saída, vêm com ofertas muito próximas do Natal para a Polícia Marítima, já o deviam ter feito há muito tempo com o recrutamento, com a lei orgânica, com o estatuto da polícia, e com atualizações salariais", avanços que continuam por concretizar, diz.
"É caso para dizer com papas e bolos, enganam-se os tolos", remata.
Sem se deixar levar por esta novidade, Aníbal Rosa dá o seu próprio exemplo: "Em Cascais, onde trabalho, quando a polícia for chamada à praia de Carcavelos, onde existem cem ou duzentas pessoas num qualquer atrito, continuam a ser só dois agentes a ir a essa ocorrência. Portanto, a bodycam vai servir para identificar a pessoa que vai agredir o agente e não o contrário."
Em jeito de conclusão, Aníbal Rosa diz que "a ministra Helena Carreiras e o secretário de Estado saem muito mal nesta fotografia, porque aquilo que é verdadeiramente importante, como o recrutamento de novos agentes e as leis orgânicas da polícia, continuam por avançar".