O ministro Manuel Heitor acredita que o programa melhorou a mobilidade dos estudantes e do conhecimento, mas há ainda aspetos a melhorar.
Corpo do artigo
Bolonha, o espaço comum do ensino superior na Europa, está de parabéns, 20 anos depois do seu nascimento. É o que diz o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Hoje há quatro vezes mais estudantes a estudar no estrangeiro, a alargar conhecimentos ao mesmo tempo que ganham mundo. Em duas décadas, a mobilidade e a modernidade avançaram lado a lado, considera Manuel Heitor. São dois ganhos conseguidos com o acordo que conseguiu criar um espaço comum para a formação académica na Europa.
Manuel Heitor destacou, em entrevista à TSF, a maior diversidade de cursos de que os alunos usufruíram, e explicou que o sucesso da reforma se reflete no número de alunos que terminam o ensino superior.
TSF\audio\2019\06\noticias\19\manuel_heitor_1
"O alargamento do ensino superior e a sua diversificação" contribuíram, de acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para a "modernização, em termos de referência europeia". "Antes de Bolonha, no ano 2000, havia cerca de dois mil estudantes em mobilidade na Europa. Agora temos mais de 14 mil estudantes estrangeiros em Portugal e mais de 10 mil estudantes portugueses na Europa", acrescentou Manuel Heitor.
Este é, para o ministro, um "motivo particularmente importante para construir uma identidade europeia, sobretudo para termos jovens de toda a Europa a estudar em Portugal e jovens portugueses a continuar os seus estudos noutros territórios".
No entanto, o representante da tutela pelo ensino superior lembra que "há ainda um longo trajeto a percorrer". "Portugal ainda só forma cerca de metade dos jovens. Estamos sensivelmente dentro da média europeia, por isso também a Europa tem ainda um desafio de abrir ainda mais a base social de apoio do ensino superior."
TSF\audio\2019\06\noticias\19\manuel_heitor_2
Também na "pós-graduação dos adultos" se nota, diz Manuel Heitor, o grande contributo de Bolonha, mas é necessário fazer mais.
Guilherme d'Oliveira Martins, que foi ministro da Educação entre 1999 e 2000, fez um balanço muito positivo da Declaração de Bolonha, e afirmou à TSF que todos ficaram a ganhar.
TSF\audio\2019\06\noticias\19\guilherme_de_oliveira_martins_1
Este é "um processo que incentiva a mobilidade dos estudantes e a mobilidade do conhecimento", realçou. "Pretende-se que não haja espaços fechados, que não haja espaços que não respondam às exigências dos tempos modernos de um estudante ver reconhecido internacionalmente o seu grau académico."
Ainda é necessário, para o ex-ministro, que "as instituições do ensino superior se adaptem melhor relativamente à exigência da mobilidade, designadamente àquilo que geralmente criticamos, que é endogamia, ou seja, um protecionismo das instituições relativamente às suas pessoas e às suas carreiras", e que este passo seja dado em conjunto, com "abertura, reconhecimento mútuo e mais qualidade".
TSF\audio\2019\06\noticias\19\guilherme_de_oliveira_martins_2
Esta quarta-feira a Universidade de Aveiro recebe uma conferência nacional de reflexão e debate sobre a implementação e o futuro do processo que transformou o ensino superior europeu. Com a presença de Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o encontro "Bolonha - 20 anos depois" é apoiado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.