O presidente da Federação dos Bombeiros do distrito de Viseu discorda do relatório que atribui a culpa da morte de sete dos oito voluntários nos incêndios florestais do Verão aos bombeiros.
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Em declarações à TSF, Joaquim Rebelo Marinho defende que se os bombeiros forem considerados culpados pelas mortes nos incêndios do último Verão, também terão de ser atribuídas responsabilidades a quem os colocou no terreno.
«Gostaria que este relatório fosse fundo ao problema e investigasse quem é que determinou o mau posicionamento, se foi o bombeiro autonomamente, por negligência, ou se obedeceu a ordens superiores, e esses superiores quem são: se são dos bombeiros ou da entidade da tutela. Dada a dimensão dos incêncios, a sua gravidade e duração, se o comando das operações alguma vez foi assumido pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) na sua dimensão total», questiona.
É a reação do presidente da Federação dos Bombeiros do distrito de Viseu ao relatório que terá sido finalizado a pedido do Ministério da Administração Interna (MAI) sobre as mortes de oito bombeiros.
O relatório foi avançado ontem pela Rádio Antena 1. De acordo com o inquérito elaborado pelo investigador Xavier Viegas, os bombeiros negligenciaram a forma de atuação, ao violarem regras de segurança. Houve erros de manobra, mau posicionamento no terreno e ainda erros na abordagem aos sinistros.
O MAI não comenta essas conclusões do inquérito preliminar e diz que não teve ainda acesso ao relatório final.
Joaquim Rebelo Marinho diz que também não teve acesso oficial ao relatório, mas já o leu e não gostou, afirmando que é «pouco sério».
«Esses homens e mulheres já não falam, já não podem fazer o contraditório, já não podem explicar os constrangimentos. Portanto, não me parece sequer que seja aconselhável este caminho. Um relatório, mesmo preliminar, que conclui por aqui, não me parece que seja um relatório muito idóneo e muito sério», acusa.