Bombeiros profissionais reúnem-se com carácter de urgência para analisar propostas do Governo
No conselho geral deverão ser definidas estratégias de atuação, incluindo greves e manifestações, para protestar contra o que as estruturas sindicais consideram a “inoperância” do Executivo
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A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) realizam, esta quarta-feira, um Conselho Geral de caráter urgente com a presença de delegados de todo o país, para avaliar e discutir as propostas recentemente apresentadas pelo Governo referentes à revisão do Estatuto Profissional dos Bombeiros Sapadores.
No conselho geral deverão ser definidas estratégias de atuação, incluindo greves e manifestações, para protestar contra o que as estruturas sindicais consideram a “inoperância” do Governo na negociação de aumentos para os bombeiros profissionais.
Os sindicatos esperam que o Governo dê o primeiro passo para retomar as negociações para a revisão da carreira dos sapadores-bombeiros. A proposta apresentada na terça-feira pelo Governo não agradou aos profissionais. Em declarações à TSF, António Pascoal, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, defende que os valores apresentados pela tutela representam mesmo um retrocesso nos direitos dos sapadores-bombeiros.
"A nota de imprensa que o Governo mandou ontem [terça-feira], propositadamente ou por lapso, não colocou, mas consta da proposta que nos foi entregue as 31 horas e meia de trabalho gratuito. Se contabilizarmos estas horas pagas aos bombeiros, quando é necessário ou sempre que é necessário, estamos a falar de um valor 450 euros e o Governo propõe um aumento geral de 360, se não estou em erro, mas, na realidade, aquilo que o Governo propõe é retirar, em 2027, 113 euros a cada bombeiro. Portanto, mais horas de trabalho, um pouco mais de remuneração, mas muito inferior àquilo que ganham neste momento", explica à TSF António Pascoal.
A reunião entre o Governo e os sindicatos foi suspensa e ainda não houve qualquer contacto para marcar uma nova data. António Pascoal diz que a bola está do lado da tutela: "Foi o Governo que estendeu a negociação, portanto, cabe ao Governo articular para que as negociações recomecem novamente. E caso não o faça, cabe aos bombeiros tomar as posições que devem tomar."
Também ouvido pela TSF, Sérgio Carvalho, do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais, adianta que o encontro desta quarta-feira serve para medir o pulso aos bombeiros.
"Esta reunião surgiu na continuidade do que aconteceu com a suspensão do Governo das negociações e também para informar todos os nossos dirigentes a nível nacional e região autónoma da Madeira do que é que se está a passar e definir qual será o nosso posicionamento relativamente a tudo isto. Ouvir também os nossos dirigentes e delegados sindicais que estão nos quartéis, porque são eles que dão a informação daquilo que os bombeiros sentem e o que esperam que venha a acontecer", refere.
O Conselho Geral foi marcado na sequência de uma reunião infrutífera entre o Governo e sindicatos, que acabou por ser suspensa pelo executivo, realizada na terça-feira e que foi acompanhada por um protesto que reuniu cerca de três centenas de bombeiros em que foram lançados petardos e engenhos pirotécnicos e gritadas palavras de ordem.
Entretanto, o Governo disse que o processo negocial com os bombeiros sapadores “poderá, eventualmente, ser retomado” se as partes se comprometerem com um “diálogo institucional sereno”, após a interrupção de negociações devido a protestos que obrigaram à intervenção da PSP.
Notícia atualizada às 09h10
