Bombeiros voluntários em risco de desaparecer? Modelo tem de ser "profundamente alterado"
No Interior do país, muitos dos bombeiros deixam de ser voluntários na altura da universidade, quando vão para as grandes cidades. Se esta tendência não for contrariada, António Nunes avisa que o país terá "graves problemas".
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, alertou em entrevista à TSF e o JN que o modelo de bombeiros voluntários tem de ser revisto, sob pena de muitos desaparecerem, especialmente em zonas menos populosas.
"O modelo do voluntariado não está esgotado, mas tem de ser alterado - e profundamente alterado. Temos de ter a consciência do risco que temos hoje em relação ao voluntário. Há 30 anos não havia atividades voluntárias alternativas. Hoje há", explicou António Nunes.
No Interior do país, muitos dos bombeiros deixam de ser voluntários na altura em que entram para a universidade, quando vão para as grandes cidades.
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"A questão tem a ver com o voluntário em Portugal. Não podemos querer ter corpos de bombeiros voluntários em locais, especialmente no Interior do país, onde não há gente. Muitas pessoas que são lá bombeiros voluntários acabam quando chega a altura da universidade e vão para as grandes cidades. Se temos nos Censos a população a diminuir no Interior do país, e mesmo em Portugal, vamos ter graves problemas", avisou o presidente da LBP.
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No entanto, o responsável não tem dúvidas em afirmar que o movimento do voluntariado é fundamental, do ponto de vista associativo e operacional, para manter a estrutura dos bombeiros.
"A questão completamente diferente é termos condições para poder utilizar esses voluntários. Nos países da América do Sul, ser bombeiro voluntário é um estímulo para a própria entidade patronal. Muitas das vezes aqui temos algumas dificuldades. Temos de olhar para o voluntário de uma forma diferente. Agora, temos uma certeza. Quando queremos colocar mil bombeiros na Serra da Estrela, esqueça-se que seja só feito com profissionais. É com profissionais e voluntários. Temos é de perceber que, dentro dos corpos voluntários, já temos cerca de 10 mil a 11 mil bombeiros que sendo voluntários também são profissionais, com um contrato de trabalho. Não temos falta de capacidade de resposta. Se neste momento for preciso mobilizar 5 mil, 10 mil ou 15 mil bombeiros, eles aparecem", assegurou.