Já foi Vila Nova, hoje voltou a ser Ourém. Nome com passado histórico, associado a povoação construída em torno do altivo castelo. Os ventos da História empurraram a população para o vale onde, numa rua do centro, há uma botica que merece visita.
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Reza a lenda que uma princesa árabe, raptada por um fidalgo, numa incursão por terras sulistas, tomou-se de amores pelo português. Converteu-se, pelo batismo, ao cristianismo, casou, e adotou o nome de Oureana.
A crendice popular associou o nome à origem do topónimo Ourém, povoação medieval que cresceu, desde os primeiros tempos na nacionalidade, em torno do castelo.
O terramoto de 1755 causou elevada destruição. Menos de um século volvido, as tropas da 3.ª Invasão Francesa incendiaram o burgo, originando o êxodo da população para o vale.
Assim nasceu Vila Nova de Ourém, cidade que, em 1991, passou a ter o nome de Ourém. Simplesmente.
Na sede do concelho, a poucos quilómetros de Fátima através do IC9, mais concretamente na rua Teófilo Braga, o restaurante A Botica, nas imediações da escola profissional, reabriu há uma dúzia de meses, mantendo o nome, após ter estado 12 anos de portas encerradas.
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À antiga mansão, pintada exteriormente em tons de azul claro e branco, foi associada, de um modo particularmente feliz, a habitação contígua. Duas salas amplas, marcadas pelo bom gosto e requinte, em que impera o branco. Há estantes com livro e um espelho a darem um toque especial à decoração.
Na primitiva sala, com lambris em azulejo e aconchegante lareira, há um balcão do lado direito e mesas com tampo em madeira ou revestido com uma fina placa de porcelana em cor escura. Guardanapos em pano. Cadeiras confortáveis; copos e alfaias a rigor.
A ementa apresenta sugestões particularmente interessantes, numa mescla do tradicional com laivos de contemporaneidade, aliás evidente no empratamento.
Sobre a mesa, uma tábua com queijos e enchidos, bem apresentada, faz arregalar os olhos.
Uma saladinha de polvo, com vinagrete a preceito, abriu caminho a uma entrada bem apresentada e saborosa: pastéis de bacalhau em cama de alheira, com uma fatia muito fina de queijo.
Neste capítulo, não faltam sugestões apelativas: carpaccio de vitela ou de polvo; surpresas de salmão fumado; mexilhões de vinagrete; gamas ao alho com ananás; queijo chèvre gratinado com mel.
A lista divide-se em capítulos, que marcam os mundos da cozinha: Botica vintage, para os pratos mais tradicionais - polvo à lagareiro; pato corado com laranja e bacalhau com gambas e cebolada de coentros, um prato que revelou boa confeção. O gadídeo, posta alta e generosa, coroada por uma gamba, é frito em farinha de milho e servido com batata assada e bem regado com azeite de ervas.
A Botica contemporânea inclui bife de atum com cebolada de mel. Posta generosa, com excelente paladar, acompanhada com batata gulosa e espargos verdes.
Outras sugestões: lombinho de javali com castanhas e espargos, um dos pratos mais requisitados e costeleta de vitela de leite com salada de laranja com orégãos e bata chips.
Na grelha, há espetada de tamboril ou de lombinho de porco.
E da lota vem o peixe para grelhar ou para preparar ao sal, tendo arroz de grelos e salada do campo como acompanhamento.
Na doçaria, destacam-se o doce à Botica e o pudim abade de Priscos.
Carta de vinhos de muito bom nível.
Serviço bastante simpático na Botica, onde há remédio de qualidade para o apetite. Em Ourém,
Onde fica:
Localização: R. Teófilo Braga 11, 2490-566 Ourém
Telef.: 249 541 627