O antigo presidente do Banco Português de Negócios Miguel Cadilhe é hoje ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao caso do banco, que foi nacionalizado em 2008, e reprivatizado este ano.
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Depois de na semana passada a secretária de Estado do Tesouro e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, ter inaugurado a nova fase de audições da comissão de inquérito parlamentar, que é já a segunda, hoje é a vez do presidente do conselho de administração do BPN ao tempo da nacionalização, Miguel Cadilhe, ser ouvido.
Recentemente, o economista e ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva disse, em entrevista ao Diário de Notícias, que o que se passou no BPN "é a maior, a mais continuada e a mais ostensiva fraude na banca portuguesa".
Miguel Cadilhe, que esteve à frente do BPN durante cinco meses, em 2008, afirmou que a nacionalização da instituição foi política e defendeu que o plano que então apresentou para resgatar o banco, com recursos a capitais mistos, teria sido melhor opção do que a nacionalização e representaria menos custos para os contribuintes.
Cadilhe adiantou ainda que o então Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, foi um entrave à solução.
Miguel Cadilhe foi eleito presidente do grupo SLN/BPN em junho de 2008 e logo em outubro do mesmo ano a sua administração denunciou vários crimes financeiros que, alegadamente, teriam ocorrido ao nível da gestão do banco, envolvendo três quadros superiores.
Em novembro daquele ano, o Governo revelou que ia propor ao Parlamento a nacionalização do BPN. Miguel Cadilhe considerou a nacionalização "desproporcionada" e motivada por razões "políticas" e anunciou a sua saída assim que o processo de nacionalização do banco estivesse concluído.
Já em março deste ano o BPN foi vendido ao angolano Banco Bic.
Esta é já a segunda Comissão de Inquérito parlamentar ao BPN e tem por objetivo, tal como a primeira, apurar o que se passou no banco.
Miguel Cadilhe começa a ser ouvido pelas 16:00, no parlamento.