Braga recebe 33.º encontro de gigantones e cabeçudos. Zé Povinho e Maria Papoila não faltam
São esperados 32 grupos oriundos não só de Portugal, como de Espanha e França. Festa arranca pelas 10h30 e termina noite dentro
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Quem visitar este sábado, 22 de junho, a cidade de Braga, vai encontrar muitas caras conhecidas, porém, em formato XL. Entre elas o Zé Povinho e a Maria Papoila, representações do povo e mascotes da Associação Ida e Volta, mas também padres e freiras, não fosse esta a cidade dos arcebispos. A lista de convidados é composta também pelo presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, pelo presidente da Associação de Festas do São João, Firmino Marques, e pela eterna adepta do SC Braga, Melinha.
Está assim na rua o 33.º Encontro Internacional de Gigantones e Cabeçudos, inserido nas festividades do São João de Braga. Uma tradição que nasceu nos anos 90 no seio da Associação de Festas de São João de Braga e que hoje reúne 32 grupos oriundos de várias partes do país, mas também de Espanha e França num total de 1200 pessoas e 200 figuras.
José Freitas, presidente da Associação Cultural e Artística Ida e Volta, prestes a completar 28 anos, é um dos responsáveis por não deixar esta tradição apagar-se da história.
A Associação, com sede no bairro social das Andorinhas onde ajuda na dinamização cultural e social, nasceu da “necessidade de dar mais visibilidade a esta tradição”, que acredita ser das mais antigas de Portugal. “Era miúdo e lembro-me de ver os gigantones a desfilar junto à Sé”, recorda.
E quem pensa que os gigantones e cabeçudos são sinónimo de sátira, enganam-se. José Freitas explica que esta é uma forma de “homenagear” as figuras que apoiam a Associação.
Dos mais de 50 membros, 80% são jovens entre os 6 e os 18 anos, o que demonstra que esta é uma tradição que tem passado de geração em geração. Martim Freitas é um dos mensageiros que nos explica as diferenças entre as figuras Made in Península Ibérica.
“Os gigantones portugueses são feitos para ir ao encontro das pessoas, para dançar e rodopiar, enquanto os espanhóis são mais retos, não rodopiam e os braços são estáticos”, refere.
Gigantones e cabeçudos podem parecer a mesma coisa, mas não é o caso. Ora, um Cabeçudo é caraterizado por uma cabeça grande que assenta nos ombros do portador. Já o gigantone, com traços mais reais, assenta numa estrutura que permite elevar a cabeça três a quatro metros. Neste caso são necessários 60 quilos de barro e um mês de muito trabalho.
De acordo com José Freitas a construção de um gigantone tem cinco fases: “armação em cartão, aplicação de camadas de papel, modelação das feições como orelhas e nariz, seguem-se mais quatro camadas de papel como preparação para a tinta e, por último, dar cor à cara do gigantone”.
Ao longo dos anos, a Associação Ida e Volta tem dado formações e participado em intercâmbios em países como Bélgica, Brasil, França e nas Ilhas dos Açores e da Madeira. Além disso, a Ida e Volta também visitas escolas do concelho para dar a conhecer esta tradição que nasceu no Norte do país.
O rufar dos Zés Pereiras anuncia as festividades pelas 10h30, no Arco da Porta Nova. Segue-se uma tarde de animação, a partir das 14h30 no Centro Histórico, com o Zé Povinho, a Maria Papoila e ouras figuras.
O encontro começa oficialmente às 21h30, com saída da Praça do Município em desfile até à Avenida Central. Segue-se o Baile dos Gigantes, no mesmo local, e, já noite dentro, o sarau cultural pelos grupos participantes fecha o encontro de 2024.
O São João de Braga espera, até segunda-feira, um milhão e duzentos mil visitantes que poderão usufruir de 270 horas de uma programação que arrancaram a 14 de junho.
No cartaz musical figuram nomes como Ana Malhoa (22 de junho), David Carreira (23 de junho) e The Gift (24 de junho).
