Bruxelas mais otimista que Governo. Previsão para crescimento do PIB de 2019 é 2%
A Comissão Europeia manteve a estimativa de 2% de crescimento da economia portuguesa em 2019, uma décima acima das estimativas do Governo, de acordo com as previsões económicas de inverno.
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Bruxelas apresentou, esta quinta-feira, o boletim macroeconómico intercalar de inverno, com uma perspetiva mais otimista do que a do Governo português. No documento, a Comissão Europeia fixa o crescimento económico em 2% no último ano, e mantém as perspetivas de crescimento para este ano e para o próximo de 1,7%.
Bruxelas calcula que a procura interna, que teve um aumento da ordem dos 3%, é a principal responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que reflete um aumento constante no consumo privado e uma recuperação acentuada do investimento no início do ano.
Relativamente à balança comercial, a Comissão salienta que as importações continuaram a crescer, mais rapidamente do que as exportações, traduzindo-se no travão ao crescimento.
Ainda assim, registou-se uma recuperação ao nível das exportações no terceiro trimestre, dando um contributo para impulsionar o PIB.
Do lado da oferta, o setor da construção registou um aumento substancial de 8,4% nos três primeiros trimestres de 2019. Os setores de agricultura e serviços também apoiaram o crescimento, enquanto a indústria contraiu 0,9%, no mesmo período.
Bruxelas nota que o Indicador de Sentimento Económico equacionado pela Comissão mostra uma pequena melhoria na atividade no último trimestre de 2019.
A inflação está significativamente abaixo da média da área do euro, tendo caído de 1,2% em 2018 para 0,3% no último ano, em particular, refletindo a queda nos preços da energia, até pelas flutuações nos preços do petróleo, mas também várias mudanças regulatórias que afetam as contas de energia elétrica.
As restrições regulatórias nos preços dos transportes públicos, educação e telecomunicações, bem como em certas atividades ligada ao turismo, contribuíram para atenuar a inflação.
Já na habitação, os preços continuaram a crescer, a uma taxa na ordem dos 10%.
O crescimento salarial atingiu cerca de 3% em 2019, mas também com impacto limitado na inflação, devido à desaceleração do crescimento do emprego.
Bruxelas admite que, retirando os efeitos regulatórios mencionados e o ritmo moderado esperado de crescimento dos salários, a inflação global deverá recuperar para 1% em 2020 e 1,3% em 2021.