"Burros", "saco de bazuca às costas" e "fatias de bazuca" no comício da CDU em Almada
No comício da CDU na Praça da Liberdade, em Almada, a candidata Maria das Dores Meira, autarca de Setúbal desde 2006, acusou o primeiro ministro António Costa de andar de "saco da bazuca às costas", nestas autárquicas, "oferecendo aos candidatos do seu partido fatias da bazuca".
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Tarde de sol na Praça da Liberdade em Almada, naquele que foi o maior comício das CDU até ao momento, com Maria das Dores Meira a subir ao palco de cravo vermelho ao peito, depois de uma sessão musical do grupo "Charanga", que foi desde "Memória corrompida", "Tá a acordar" ou "Arrebita a Gaita".
Entre os vários apoiantes, Joaquim Filipe, que vive na Cova da Piedade e que afirma que "estes quatro anos foram muito maus para a população de Almada" ou Maria Silva Cruz, que se orgulha de ser CDU há 40 anos a comentar-nos que os socialistas "foram muito mauzinhos a todos os níveis".
Maria das Dores Meira, "mulher, mãe e avó" foi presidente de Setúbal desde 2006. Porquê agora Almada? "Candidato-me porque fiz da vida autárquica uma escolha pelo bem comum". Talvez o nervosismo, talvez a dedicação a Setúbal e a troca de palavras no discurso quando falava do que a CDU fez em Almada, que pode ouvir no áudio que juntamos a esta reportagem.
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Trocas à parte, Maria das Dores Meira está certa de que os socialistas descobriram que "Almada tem recantos, tascas e atividades", mas que sobretudo para a CDU "tem almadenses, gente, pessoas, uma história". Por isso, atira: "não merecem ser tratados como burro que segue, tenta, mas não alcança a cenoura que viu num pau à frente dos seus olhos".
E depois do PS local, o ataque a António Costa: enquanto líder socialista, primeiro ministro e cidadão. "A propósito de burros, tenho de mostrar a nossa indignação, que deve ser também a vossa, pela forma abusiva, e estou a evitar um adjetivo mais duro, como o senhor primeiro ministro tem usado ao anunciar que traz às costas o saco de dinheiro a que chamaram de bazuca europeia, e vai esmolando por onde passa no apoio aos seus candidatos", diz.
Maria das Dores Meira está indignada e no áudio da reportagem pode ficar a saber porquê. A candidata à autarquia de Almada está agora à espera de que o cidadão António Costa assuma o seu dever de neutralidade.
Socialistas de Almada em campanha enquanto oposição
A CDU perdeu Almada para o PS por apenas 313 votos, nas autárquicas de 2017. É a grande aposta da coligação democrática unitária nestas eleições. Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP esteve modesto nas críticas ao governo, ao contrário da candidata Maria das Dores Meira e, pelo contrário, acusou os socialistas de Almada de já estarem a fazer campanha enquanto oposição. "Face à força da CDU e à capacidade dos seus candidatos, projetos e obras concretas que apresenta e pelas provas dadas, a candidatura do PS já se assume como oposição à CDU", refere.
Jerónimo de Sousa, já rouco - um facto que justificou com o dia intenso a Norte, mas que "valeu a pena em Viana, Braga e Guimarães" - acusou a candidatura de Inês Medeiros de uma "candidatura dececionante, tão dececionante como foi o trabalho na câmara", garantindo que nos últimos dias, os socialistas "esbracejam" para "mostrar trabalhos que não fizeram nem vão fazer".
Ainda no rol extenso de críticas, Jerónimo de Sousa acrescentou que, há quatro anos, o PS prometeu proximidade e participação, mas aquilo que ofereceu ao longo da sua gestão municipal foi "desprezo pelo movimento associativo". Também na habitação, diz o secretário geral do PCP que "está tudo por resolver".