Buscas no PSD. Francisco Assis concorda com Santos Silva e pede que Marcelo se pronuncie
"Se os políticos tiverem receio de fazerem aquilo que entendem que está certo com medo de serem incompreendidos, não estão à altura das suas responsabilidades", disse à TSF o presidente do Conselho Económico e Social.
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O presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, considera que os políticos não devem ter medo de fazer "o que entendem que está certo" e concorda com as palavras de Augusto Santos Silva relativamente às buscas no PSD e em casa de Rui Rio.
"Se os políticos tiverem receio de fazerem aquilo que entendem que está certo com medo de serem incompreendidos, não estão à altura das suas responsabilidades. Um político tem de agir sempre de acordo com aquilo que a sua consciência lhe indica em relação ao que está certo ou está errado. Se, porventura, deixar de fazer aquilo que entende que é certo apenas por receio de não ser devidamente compreendido, está mais na vida política", disse à TSF o antigo deputado socialista.
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O presidente da Assembleia da República pediu esclarecimentos ao Ministério Público e Assis é taxativo: "As declarações que o senhor presidente da Assembleia da República fez são corretas. Revelam coragem, revelam sensatez e revelam sobretudo uma coisa que é fundamental sentido de estado."
O presidente do Conselho Económico e Social foi um dos primeiros a insurgir-se contra as buscas feitas na casa de Rui Rio e na sede do PSD, tendo pedido, no sábado, que Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciasse sobre o caso, apelo que repete.
"Eu não quero estabelecer nenhuma polémica com o senhor Presidente da República em relação ao momento em que ele se deve pronunciar sobre este assunto. Entendo que a questão é demasiado grave para que os principais titulares dos órgãos de soberania não se pronunciem sobre a mesma. Entendo que o assunto está longe de estar esclarecido e resolvido. Não podemos continuar a conviver impávida e serenamente com situações que são verdadeiramente aviltantes e que põem em causa aspetos essenciais do funcionamento do nosso Estado de direito democrático", disse.
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Francisco Assis considera que "quando isso acontece, há sempre a expectativa de que, mais cedo ou mais tarde, os principais titulares dos órgãos soberania venham a emitir a sua opinião sobre o assunto e venham até eles próprios a tomar uma posição".
"Não é só emitir uma opinião. Agora, sobre saber se é hoje, amanhã, daqui a oito dias ou 15 dias, isso é um tipo de discussão em que não quero nem vou entrar", esclarece, garantindo que não presta qualquer opinião relativa às declarações de António Costa.
Sobre a possibilidade de fazer mudanças à lei de financiamento dos partidos, o presidente do Conselho Económico e Social considera que não vê necessidade em que isso aconteça.
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"Muito francamente, não vejo que esclarecimento haja a fazer, que mudanças haja a levar a cabo. De qualquer modo, isso é uma questão que tem que ver com os senhores deputados e com as senhoras deputadas e eles farão o que muito bem entenderem. Nunca fui favorável a que fosse alterada a legislação sob qualquer tipo de pressão, porque isso normalmente produz maus resultados. E também creio que o que se exigia e exige aos partidos políticos num momento desta natureza é que exprimam, com toda a clareza, a sua perplexidade e a sua indignação perante o que sucedeu, e não tanto que vão a correr introduzir esta ou aquela modificação na legislação. Mas isso é uma questão que me ultrapassa completamente", conclui.