Em Trás-os-Montes, onde algumas tradições ainda são sendo preservadas, a gastronomia, pela sua riqueza, assume-se como verdadeiro património.
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Terra de fumeiro, que aquece os longos invernos e aconchega o estômago, o distrito de Bragança é região do «chourição famoso», como lhe chamou Trindade Coelho, que o definiu como «grotesco», embora «no Entrudo, com orelheira, até parece que se esgargalha no prato, a rir».
O chourição famoso é o butelo, exemplo acabado do total aproveitamento do porco; um enchido cujo recheio - ossinhos do espinhaço e das costelinhas, com carne agarrada, é envolvido pela bexiga ou bucho do suíno.
Por estes dias entrudeiros, é hábito transmontano, muito em particular na região de Bragança, fazer chegar à mesa este enchido, na companhia das cascas de feijão secas, também chamadas casulas.
Espelho fiel da tradição, o 5.º Festival do Butelo e da Casulas, que decorre na cidade bragançana entre os dias 24 e 26 de fevereiro, é uma aposta na promoção e venda daquele enchido, através de um espaço de venda na praça Camões, palco de animação especial.
O programa deste fim de semana gastronómico não se cinge à vertente gastronómica: há visita guiada à cidadela de Bragança e acesso livre aos museus Militar e Ibérico da Máscara e do Traje, bem como o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, desenhado por Souto Moura.
Em paralelo, estão programadas demonstrações de fabrico artesanal daquele enchido e a entronização de novos confrades da Confraria do Butelo e da Casula.
O butelo e as casulas dão sabor à ementa especial de 26 restaurantes da cidade e da região, que aderiram a este festival que coloca Bragança na rota gastronómica em tempo de Carnaval.