Câmara de Lisboa investe 3,18 Milhões de Euros para intervenções em muro e prédios na Graça.
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A Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade, uma proposta para o investimento de 3,18 milhões de euros na estabilização do muro que colapsou na zona da Graça, a 27 de fevereiro, e na recuperação dos prédios afetados.
No documento, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, aponta que a estabilização do muro será feita "com recurso a um procedimento de ajuste direto por motivos de urgência imperiosa".
Parte do muro (de propriedade privada) do condomínio Villa Graça, no bairro Estrela d'Oiro, ruiu pelas 05:40 do dia 27 de fevereiro, provocando um deslizamento de terras para as traseiras de cinco edifícios da Rua Damasceno Monteiro (dos números 102 ao 110).
Segundo a Câmara de Lisboa, o muro colapsou com o peso das terras.
"Perante o que foi possível observar no local, constatou-se o colapso de um troço do muro de betão de suporte de terras, com uma extensão aproximada de 30 metros de largura, em toda a sua altura", aponta o documento que foi hoje apreciado pelos vereadores.
Entretanto, a autarquia tomou posse administrativa do terreno - incluindo o muro e a zona envolvente -, para dar início às obras de requalificação, de forma a resolver o problema e evitar novos desabamentos.
Segundo a proposta, os trabalhos incluem a "proteção do talude nas zonas aluídas e nas zonas do terreno do logradouro adjacentes da Villa Graça, de modo a minimizar a erosão e os deslizamentos de terras", reforços estruturais nos edifícios afetados, bem como a remoção dos elementos do muro de betão que "apresentem risco de queda".
Está também prevista a "estabilização e consolidação do muro de suporte de terras existente e reconstrução do troço aluído", assim como "inspeções pormenorizadas de todos os edifícios despejados, de forma a avaliar o tipo de intervenção necessário em cada um".
A intervenção tem um prazo de execução de 120 dias.
Segundo a Câmara de Lisboa, "estão em causa trabalhos no domínio da construção civil e da geotecnia, extremamente técnicos, executados em condições de acesso e segurança bastante complexos, com custos agravados dada a sua especificidade e por conseguinte bastante onerosos".
No início de março, a autarquia afirmou que se mantêm evacuados os prédios dos números 102, 104, 106, 108 e 110 da Rua Damasceno Monteiro, num total de 78 pessoas realojadas, situação que se estima que se mantenha "até que sejam concluídas as obras de consolidação estrutural do muro de betão de suporte de terras".
Para o vereador do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, "há muitas dúvidas no ar, muita falta de informação" sobre este caso, uma vez que "se ouve uma informação por parte dos moradores e outra da Câmara".
Opinião semelhante tem o vereador social-democrata António Prôa.
"Soubemos que a Câmara de Lisboa teve informações sobre esta situação até 2014. Desde esse ano que nunca mais teve informações, mas estranhamente também não manifestou interesse em acompanhar", sublinhou à agência Lusa.
Sobre estas intervenções, o autarca do PSD aponta que o investimento "vai ser feito no pressuposto de que serão apuradas responsabilidades", tendo proposto ao executivo de maioria socialista a elaboração de um "levantamento de situações análogas a esta".
Por seu turno, Carlos Moura (PCP) defendeu que esta "situação deveria ter sido percecionada há mais tempo e corrigida" e que deverá ser "um alerta para o futuro".
Segundo os moradores dos prédios afetados na Rua Damasceno Monteiro, o município tem sido alertado por diversas vezes para os riscos associados ao muro.
Na reunião privada de hoje, a Câmara de Lisboa aprovou - também por unanimidade - a atualização do Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.