Camisola poveira à venda por 695 euros. Estilista norte-americana pede desculpa aos portugueses
Após polémica, a marca norte-americana está a negociar um acordo com a Câmara da Póvoa do Varzim.
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Uma das peças da nova coleção da estilista norte-americana Tory Burch pode parecer familiar a centenas de portugueses. A camisola de lã bordada com caranguejos, motivos marítimos e até o brasão da monarquia portuguesa é idêntica em todos os aspetos às camisolas poveiras, tradicionalmente usadas por pescadores da da Póvoa de Varzim.
No entanto, está à venda no site da marca homónima por 695 euros (nas lojas de artesanato da cidade portuguesa não custam mais de 60 euros) e até agora era apresentada como criação original da Tory Burch, com design inspirado no México.
O caso foi amplamente comentado nas redes sociais e milhares de pessoas assinalaram a cópia obvia, o que acabou por levar a marca a pedir desculpa através de uma publicação no Facebook esta quinta-feira.
We sincerely apologize to the people of Portugal - it was brought to our attention that we mis-attributed a Spring 2021...
Publicado por Tory Burch em Quinta-feira, 25 de março de 2021
"Pedimos sinceras desculpas aos Portugueses", pode ler-se na mensagem, que explica que se tratou de um erro afirmar que a camisola se inspirava no padrão típico de Baja, no México. "Foi uma falha não termos feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescadores tão representativos da cidade da Póvoa de Varzim."
A marca Tory Burch assegura ainda que está a trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim para "encontrar as melhores soluções para apoiar os artesãos locais" e incentiva a visita à página da autarquia.
Além disso, o nome a peça foi alterado para "Camisola inspirada na Póvoa do Varzim", assim como a descrição da peça para passar a fazer referência ao seu uso pelos pescadores desde 1800 e aos padrões "simbolizam a cultura local".
Em declarações ao Expresso, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, conta que a autarquia avançou com uma carta "para abrir uma ação judicial" quando recebeu o contacto de uma representante legal da marca em Portugal mostrando-se disponível para "criar um protocolo que pusesse fim à situação".
As negociações ainda estão a decorrer, e a Câmara não pretende ser indemnizada, mas o processo judicial mantém-se em cima da mesa caso não se chegue a um "acordo duradouro".