A iniciativa é organizada pelo Centro de Ciência Viva de Constância e pela Associação da Casa-Memória de Camões.
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A astronomia e os versos de Luís Vaz de Camões voltam esta noite ao planetário de Constância. Na vila ribatejana onde se acredita que Camões tenha tenha vivido alguns anos, misturar-se-ão a ciência e a poesia. Versos de "Os Lusíadas" serão ditos enquanto se olha para o céu, uma forma de celebrar o Olimpo a que é reservada a literatura camoniana.
O astrónomo Máximo Ferreira considera que esta é a sinalização dos conhecimentos do poeta português. "Camões sabia, com um rigor impressionante, toda a astronomia que era conhecida na sua época", comenta. A maior epopeia portuguesa "faz alusão à estrela polar, a ursa maior, à ursa menor, à Cassiopeia, contém uma descrição muito bonita e rigorosa do céu".
Ana Maria Dias, investigadora da obra camoniana, reitera: Camões "tinha acesso a esse conhecimento, e "Os Lusíadas" são como a súmula da [sua] vasta cultura em diversas áreas".
Agora, à beira-rio, em Constância, numa "espécie de anfiteatro, que, no chão, tem representado o conceito da Terra no centro do universo, com os planetas e o sol à volta", o público vai poder contemplar a imagem do universo contemporânea ao escritor. "É esta a descrição [da Terra no centro do universo] que Camões coloca na boca da deusa Tétis no canto X da ilha dos Amores", lembra Ana Maria Dias, que ainda rememora: "Ela diz: 'Debaixo deste grande Firmamento/ Vês o céu de Saturno, Deus antigo/ Júpiter logo faz o movimento,/ E Marte abaixo, bélico inimigo/ O claro olho do Céu, no quarto assento,/ E Vénus, que os amores traz consigo/ Mercúrio, de eloquência soberana/ Com três rostos, debaixo, vai Diana.'"
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Será possível, se a meteorologia favorecer, ver a carreta e a Cinosura, e, com telescópio, as luas de Júpiter, os anéis de Saturno, Andrómeda e o enxame de Hércules no céu de Camões. A iniciativa é organizada pelo Centro de Ciência Viva de Constância e pela Associação da Casa-Memória de Camões. Os bilhetes já estão esgotados.