"Campanha essencial." Banco Alimentar com nova recolha nos supermercados este fim de semana
À TSF, Isabel Jonet sublinha que houve uma mudança no perfil da pessoa que pede ajuda: "Habitualmente, eram as pessoas mais velhas. Hoje temos muitos trabalhadores pobres, muitas famílias com crianças e que o peso da habitação no orçamento representa, por vezes, mais de 60%"
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Neste fim de semana - dias 30 de novembro e 1 de dezembro - vai decorrer mais uma campanha de recolha de alimentos promovida pelos Bancos Alimentares Contra a Fome, envolvendo mais de dois mil hipermercados e supermercados e 40 mil voluntários, indicou a instituição esta quarta-feira.
Para participar na campanha basta aceitar um saco do Banco Alimentar disponível nas lojas envolvidas e colocar no mesmo "bens alimentares não perecíveis", como leite, conservas, azeite, açúcar, farinha e massas.
O lema da campanha é "Para mais de 380 mil portugueses, o melhor presente é a sua ajuda", numa referência à quantidade de pessoas apoiadas com alimentos o ano passado através de 2400 instituições de solidariedade social.
Ouvida pela TSF, a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, sublinha que houve uma mudança no perfil da pessoa que pede ajuda: "Habitualmente, eram as pessoas mais velhas, com baixas pensões e reformas ou com baixas qualificações para o mercado de trabalho. Hoje temos muitos trabalhadores pobres, muitas famílias com crianças e que o peso da habitação no orçamento representa, por vezes, mais de 60% daquilo que são as disponibilidades mensais", especifica.
E acrescenta: "Não tem havido uma diminuição no número de pedidos de apoio alimentar."
Já sobre a "campanha essencial" que vai decorrer no sábado e no domingo, Isabel Jonet espera que sirva de grito de alerta sobre a situação de pobreza em Portugal.
Por sua vez, Isabel Jonet, apela, citada em comunicado, para a "solidariedade, envolvimento e contributo" dos portugueses "para melhorar o cenário de carência alimentar que continua a assolar muitos cidadãos e famílias em Portugal".
"É importante não nos esquecermos de que há, infelizmente, pessoas que precisam de ajuda para comer, principalmente numa altura como o Natal, em que a mesa da consoada faz parte de uma ideia de felicidade que gostamos de ver concretizada", refere a responsável no comunicado, elogiando os portugueses que aderem às campanhas "de forma generosa e entusiástica com voluntariado e alimentos, numa manifestação de solidariedade que se renova anualmente".
Além da recolha de alimentos, decorre também a campanha Ajuda Vale em supermercados e no site, que permite apoiar a causa a partir de casa ou mesmo estando fora do país.
Para a campanha de recolha, os Bancos Alimentares "contam com o apoio de várias empresas e entidades, que se associam à causa, disponibilizando equipamentos e serviços tais como transportes, publicidade, comunicação, seguros, segurança e alimentação".
Em 2023 foram recolhidas 25.759 toneladas de comida, um número elevado, mas ainda assim insuficiente para ajudar todos os que precisam.
Os 21 Bancos Alimentares em atividade em Portugal "distribuíram 24.262 toneladas de alimentos (com o valor estimado de 39,4 milhões de euros), num movimento médio de 97 toneladas por dia útil", sob a forma de cabazes ou refeições feitas.
O Banco Alimentar foi criado em Portugal em 1991 com a missão de lutar contra o desperdício e distribuir apoio alimentar a quem mais precisa, em parceria com instituições de solidariedade e com base no trabalho voluntário. Os 21 existentes atualmente integram a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, que os representa a nível nacional e internacional.
