Campanha “Taxa Zero ao Volante”: “Na semana passada, houve um acidente que deixou uma família em estado grave”
Os primeiros dois dias da campanha decorreram no distrito de Viana do Castelo, onde, entre outubro de 2020 e setembro de 2023, se registaram um total de 67 mortes em acidentes de viação, das quais 14 resultaram de sinistros envolvendo pelo menos um condutor com taxa de álcool no sangue superior 0,5 g/l
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A GNR, a PSP e a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), estão até segunda-feira da próxima semana, dia 10 de fevereiro, na estrada com a campanha de sensibilização “Taxa Zero ao Volante”. Esta quinta e sexta-feira, à tarde, há ações em Castelo Branco e no dia 10 em Lisboa.
Os primeiros dois dias da campanha decorreram no distrito de Viana do Castelo, onde, de acordo com dados da ANSR, entre outubro de 2020 e setembro de 2023, se registaram um total de 67 mortes em acidentes de viação, das quais 14 resultaram de sinistros envolvendo pelo menos um condutor com taxa de álcool no sangue superior 0,5 g/l.
“Tento não beber quando conduzo, mas pode calhar de ir a uma festa e beber uma cerveja ou duas no convívio. Às vezes peca-se por causa disso”, confessou Sérgio Paulo Lima, de 56 anos, que foi parado pelas patrulhas na Estrada Nacional 13, em S. Pedro da Torre, Valença, e acusou zero no teste de álcool. O condutor admitiu que tem consciência dos efeitos nefastos do álcool.
“Infelizmente, o meu pai bebia e o meu irmão ficou sem carta por causa disso. Ao vê-los, penso muitas vezes que não quero que me aconteça o mesmo, mas é como digo, amanhã se calhar o senhor agente manda-me parar e diz: ‘lembro-me da sua cara’. E eu venho de uma festa [onde bebeu álcool], e o que é que vou fazer”, reconhece.
Em Castelo Branco onde a campanha estará na estrada esta quinta e sexta-feira - às 17h00, de dia 6 na EN18 e às 13h00 de dia 7 na mesma via, junto ao parque de campismo -,
de 2020 a 2023, num total de 46 mortes na estrada, oito estiveram relacionadas com acidentes envolvendo pelo menos um condutor com taxa de álcool no sangue superior 0,5 g/l.
E em Lisboa, onde a campanha vai para o terreno no dia 10 - às 14h00 na A2 – Parque especial Norte, sentido Norte/Sul, Lisboa-, de 226 vítimas mortais, registadas entre outubro de 2020 e setembro de 2023, 45 resultaram de acidentes nas mesmas circunstâncias. De acordo com a ANSR, em Portugal, em 2023, “um em cada quatro condutores mortos em acidentes de viação apresentava uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 0,5 g/l e três em cada quatro destes condutores tinham uma taxa igual ou superior a 1,2 g/l”.
E, do total das vítimas de acidentes de viação “autopsiadas, 23% apresentavam uma taxa de álcool no sangue superior ao limite legalmente permitido, das quais 73% excediam a taxa considerada crime (≥1,20 g/l)”.
Augusto Barbosa de 19 anos, foi um dos condutores parados na quarta-feira, na ação de campanha em Valença. Tinha os documentos em dia e não acusou álcool no teste feito por um militar da GNR e ouviu atentamente um elemento feminino da ANSR, que o abordou:
“Estamos aqui para alertar para os riscos associados à condução sob o efeito de álcool. Costuma facilitar?”. “Nada, não bebo nada. Água”, respondeu o jovem.
“Em todo o caso, o que nós dizemos, não é que não beba. É ter cuidado com a condução se tiver bebido”, referiu a agente, entregando-lhe um folheto descritivo “das práticas de segurança a adotar, bem como os riscos associados”. E avisando: “Não esquecer que todos os anos morrem 600 pessoas nas estradas portuguesas”.
Augusto Barbosa garante que não toca em bebidas alcoólicas e até costuma ser “o motorista” quando sai à noite com os amigos. “Não bebo. Nada. Nunca tive o hábito. Em casa ninguém bebe, nem pai, nem mãe, nem avós. Os meus colegas bebem todos. A minha geração exagera muito. Não conheço ninguém da minha idade que não beba. Sou o único que eu conheça. E toda a gente vai de carro para as coisas”, disse.
Maria Amorim de 29 anos, também passou o teste do balão, confessou que não gosta de bebidas alcoólicas e até recordou dramas recentes por causa do álcool.
“Ainda na semana passada, houve um acidente muito grave aqui na região e, pelos vistos, o senhor [condutor] estava alcoolizado e está uma família toda em estado grave. É muito mau”, disse.
O Capitão João Viana, Comandante do Destacamento de Trânsito de Viana do Castelo, que se encontrava no local da ação em Valença, indicou que a condução sob o efeito do álcool é uma das principais causas de “sinistralidade grave”.
“A percepção que temos é que há bastante álcool na estrada, em conjugação com o uso indevido de telemóvel e o excesso de velocidade, que são factores de risco associados à condução. Esta campanha serve para sensibilizar os condutores para esses perigos”, referiu.
