Águas do Algarve espera ter em 2025 vários campos de golfe regados por água de ETAR
Até agora há três campos de golfe na região que utilizam águas residuais para regar a relva. Em breve vão começar mais dois em Castro Marim.
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Para que a rega dos cerca de 40 campos de golfe existentes na região sul seja cada vez mais efetuada através de água das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs), a empresa Águas do Algarve está a concluir vários investimentos. Em 2022 foi realizada para esse fim a obra na ETAR de Vila Real de Santo António, que custou cerca de 1 800 000 euros.
"Neste momento temos a obra acabada e pronta para regar dois campos de golfe em Castro Marim", explica à TSF o presidente do Conselho de Administração das Águas do Algarve. António Eusébio acrescenta que estão a "ultimar processos administrativos" com esses campos, para que o processo possa ser colocado em prática.
"Contamos acabar ainda no mês de maio o projeto de Vilamoura com oito pontos de entrega" e no mês de junho deverá terminar a obra na ETAR da Quinta do Lago," para abranger uma maior área de rega.
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António Eusébio explica que, além destes projetos, até 2025 serão concluídas obras nas Estações de Tratamento de Águas Residuais de Albufeira Poente e Boavista, em Lagoa. No total serão quatro sistemas abrangidos.
"Dará para regar vários campos de golfe, até um consumo de oito milhões de metros cúbicos [de água], é a meta que o PRR acordou com este investimento", afirma. Um investimento que chega aos 23 milhões de euros, a somar aos cerca de 2 milhões investidos na ETAR de Vila Real de Santo António, um projeto que está prestes a arrancar.
Os campos de golfe consomem apenas 6% do volume da água utilizada no Algarve. Mas, com a seca persistente, o dedo acusador é apontado com frequência a estas infraestruturas, sobretudo por associações ambientalistas. Dos 234 milhões de metros cúbicos utilizados no Algarve, só 16 milhões de metros cúbicos são gastos pelos golfes, 80 milhões de m3 são gastos para consumo humano e a agricultura, para onde vai a maior percentagem, consome cerca de 134 milhões de m3.
Quanto à possibilidade de a agricultura utilizar estas águas recicladas, uma ideia que está prevista na lei, ainda é um projeto em estudo, visto que as ETARs se situam na sua maioria na zona litoral e as águas têm alguma salinização.
"Têm um nível de sal superior ao que as espécies [vegetais] podem aguentar", esclarece António Eusébio. "Tem de haver uma metodologia de mistura com água bruta para diluir esse nível, por isso ainda se encontra em estudo, para ver se se avança com esses projetos", clarifica.