"Candidata da campanha contra o medo" e do "frente a frente" com Marcelo. Marisa Matias na corrida a Belém
A eurodeputada bloquista Marisa Matias apresentou, esta quarta-feira, a candidatura a Belém com o combate ao medo como uma causa e com Marcelo Rebelo de Sousa como adversário.
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"Estou aqui para vos dizer que serei candidata à Presidência da República." Não é novidade, mas foi este o ponto de partida que Marisa Matias - agora oficialmente candidata pelo Bloco de Esquerda na corrida a Belém - escolheu para se dirigir a todos os que se reuniram na cerimónia que se realizou esta tarde no Largo do Carmo, em Lisboa.
Antes de justificar a decisão de candidatar-se, a eurodeputada quis, no entanto, explica porque é que quis reunir alguns dos profissionais que têm estado na linha da frente do combate à Covid-19. "O país sabe quem são porque contou todos os dias com eles nos últimos meses", atirou.
Empregadas de limpeza, trabalhadores dos transportes públicos ou trabalhadores da recolha do lixo, passando por cientistas, professoras, elementos das forças de segurança, vigilantes, carteiros ou trabalhadores da indústria foram alguns dos que Marisa Matias escolheu destacar.
Os pequenos e microempresários, trabalhadores da Cultura, estudantes, cuidadores informais ou voluntários também não foram esquecidos, com a candidata a considerar que fazem também parte da mesma linha da frente
Os profissionais do SNS, "que ouviram aplausos de um povo inteiro mas a quem o Governo tarda em garantir condições" foram também destacados.
"Eu sou a candidata para fazer a campanha contra o medo", lançou-se então Marisa Matias, explicando ao que vem. "Sou socialista, laica e republicana, vou às lutas pelas minhas ideias ao lado de quem não desiste de Portugal."
"O medo é o que nos destrói, é o que torna um pais pequeno e submisso, é o que provoca divisões, racismo, ódio e perseguições. O medo divide, a república une", teceu a candidata antes de identificar o seu adversário: "Por isso, sou candidata frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa."
O voto pela diferença
Na hora de se distinguir do "presidente em funções" Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias escolheu começar pelo que os une, como a "exigência dos direitos das pessoas em situação de sem abrigo ou a luta pela visibilidade e reconhecimento dos cuidadores informais".
No entanto, é nas "questões essenciais" que a candidata identifica discordâncias e, por isso, pede "o voto sobre essa diferença".
"Marcelo quer o regime político assente em mais do mesmo, eu quero o regime que responda à pandemia social e acabe com os privilégios. Ele aceitou um regime financeiro que se foi desvairando em privatizações e negócios, eu quero uma banca pública de confiança. Marcelo quer "um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados", Marisa quer "um SNS de qualidade para todos".
Reconhecendo não ter do seu lado o voto dos "mandatários das fortunas", Marisa Matias vira-se para os jovens trabalhadores que "não aceitam empobrecer nesta segunda grande crise das suas vidas".
Elencadas as razões da candidatura, Marisa Matias quis ressalvar que não é candidata "por jogos partidários, ajuste de contas ou publicidade de palco".
"Sem medo e com muitos abraços, obrigada por estarem aqui." Marisa Matias é candidata à Presidência da República.