Candidatura a património da Humanidade em Cabo Verde. "Não queremos repetir Tarrafal, nem Peniche"
Nesta terça-feira, no dia em que Graça Fonseca irá assinar, no Tarrafal, o memorando de cooperação técnica na candidatura cabo-verdiana do antigo campo de concentração a Património da Humanidade pela Unesco, a ministra foi entrevistada por Fernando Alves, durante a manhã TSF.
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A ministra da Cultura, Graça Fonseca, conclui esta terça-feira uma visita de dois dias a Cabo Verde com uma deslocação ao Tarrafal, onde vai assinar um memorando de cooperação técnica na candidatura cabo-verdiana do antigo campo de concentração a património da Humanidade pela Unesco. Fernando Alves conversou com a governante na manhã TSF, sobre esta que é uma parceria que vai para lá da simples cooperação técnica.
Há aqui Chão Bom para honrar a memória comum da luta de portugueses, cabo-verdianos e outros africanos, vítimas de um mesmo quadro opressivo, assinalou o jornalista da TSF. De acordo com Graça Fonseca, o objetivo é, "não apenas para salvaguardar o património histórico, mas, acima de tudo, a preservação de um lugar de memória pela resistência e pela democracia".
"É um dever e uma forma de prestar uma muito justa homenagem aos que aqui pagaram um preço muito elevado pela sua coragem", advoga a ministra da Cultura, lembrando que este é um trabalho que surge no seguimento da recuperação e musealização da fortaleza de Peniche (Museu da Resistência e da Liberdade).
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Os dois países - Portugal e Cabo Verde - estão a trabalhar em conjunto para reforçar a importância dos "dois locais onde afirmamos os valores da cultura, mas também afirmamos os valores maiores de trabalho em conjunto para a democracia".
Este processo tem sido muito conversado entre Graça Fonseca e o seu homólogo Abraão Vicente, ele próprio natural do Tarrafal. "Temos vindo a conversar, pelo menos desde 2019", admite a ministra. Este caminho foi importante para conseguir um memorando de cooperação técnica, com um plano para a recuperação do Tarrafal e união do lugar de Peniche ao Tarrafal como lugares a partir dos quais se preserva a memória, e para o aconselhamento no início da candidatura à Unesco.
O Tarrafal já foi o campo da morte lenta durante o período colonial, foi quartel e escola, agora vai ser museu. A proposta passa por criar um "campo internacional de diálogo pela paz", "para que não se repita na nossa História" qualquer circunstância similar.
"Já visitei o Tarrafal, não na qualidade de ministra, e é um local que nos arrepia, da mesma forma que, na primeira vez que entrei na fortaleza de Peniche... É algo que sinto", rememora Graça Fonseca. A ministra reitera que se trata de "um instrumento muito importante para que as democracias nunca se esqueçam de que não queremos repetir Tarrafal, não queremos repetir Peniche".
Na cidade da Praia, a governante assinou um memorando de entendimento para a doação de equipamento técnico pelo Teatro Nacional de São João e de um acervo "importante" de livros e de textos de teatro à Direção Geral das Indústrias Criativas de Cabo Verde.
Nesta terça-feira, Graça Fonseca irá assinar, no Tarrafal, o memorando de cooperação técnica na candidatura cabo-verdiana do antigo campo de concentração a Património da Humanidade pela Unesco.