Seis meses depois de entrar em vigor a lei que que proíbe o abate de animais saudáveis nos canis municipais, a Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios garante à TSF que a maioria dos canis não tem espaço para mais cães e que a lista de espera de pedidos para a recolha de animais nas ruas não para de aumentar.
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A lei que proíbe o abate de animais saudáveis nos canis municipais criou uma situação dramática e começa a pôr em causa a segurança e a saúde pública. A denúncia é feita à TSF pela Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANMVM).
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"Recolhe-se o essencial, aquelas animais que estão em situações de risco e o resto deixa-se estar. Muitas vezes as autoridades policiais ligam-me com um animal no meio da rua e eu digo para eles não o apanharem porque se o animal não tiver chip eles não sabem o que hão de fazer, eu não tenho onde o colocar e a polícia também não pode ficar com ele."
Só no canil de Ponte de Lima, por exemplo, há mais de 100 pedidos para recolha de animais.
O pior está para vir
A ANMVM estima que todos os anos sejam recolhidos das ruas 60 mil animais. Apenas 1/3 desses animais (cerca de 20 mil) consegue encontrar uma família de adoção. Antes de a nova lei entrar em vigor eram abatidos todos os anos cerca de 12 mil animais, mas como deixaram de ser abatidos, os canis rapidamente esgotam o espaço disponível para recolha e os animais acabam por ficar na rua.
A ANMVM admite que a proibição só trouxe problemas e avisa que o problema vai piorar. "A população é que vai pagar com estas situações, algumas cadelas já andarão por aí a ter ninhadas e cada vez há mais notícias de cães a rebanhos".
A Associação fala num beco sem saída e lembra que não basta proibir abates ou aumentar a lotação dos canis, é preciso fiscalizar e punir quem abandona animais na rua.
"O país é completamente negligente em relação aos animais. A maioria dos animais anda sem dono, sem chip, sem nada, não existe fiscalização, as pessoas não são punidas e agora resolveu-se colocar o ónus da responsabilidade de toda esta matéria sobre as autarquias. E as autarquias é que têm de resolver a questão, não se sabe como", reclama Ricardo Lobo.
Um desafio contra o abandono
A Associação Nacional de Municípios quer que o Governo lance uma campanha porta-a-porta para sensibilizar os cidadãos para a necessidade de cuidar dos animais de companhia.
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Contactado pela TSF, o gabinete do ministro da Agricultura recorda que antes de a lei ter sido aprovada foram realizadas campanhas para adoção de animais, para apoiar à reconstrução de canis e para criar salas de esterilização.