Carlos César desvaloriza "reuniões preparatórias", mas critica "conduta estúpida" de Hugo Santos Mendes
O presidente do PS garante que "foram inúmeras as ocasiões" em que as reuniões ocorreram, embora não dê qualquer exemplo.
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O presidente do PS, Carlos César, que foi líder parlamentar durante a primeira legislatura de António Costa como primeiro-ministro, desvaloriza as críticas ao Governo e garante que as "reuniões preparatórias" são normais, seja à esquerda ou à direita. Carlos César, num longo texto nas redes sociais, critica apenas o antigo secretário de Estado Hugo Santos Mendes, adjetivando a sua conduta como "perniciosa e estúpida".
O socialista começa por sintetizar (sobre o bom Governo, a meia-verdade da reunião com a CEO da TAP e sobre o ex-governante sem juízo), antes de partir para a análise do momento político, embora deixe rasgados elogios às "importantes decisões" do Governo para "a reforma do SEF e o enquadramento das migrações" que foram ofuscadas pelas audições de Christine Ourmières-Widener e de Alexandra Reis.
Sobre "a meia-verdade da reunião com a CEO da TAP", Carlos César garante que as reuniões fazem parte da prática parlamentar, embora admita que o Governo "deve evitar alguns tropeções e cuidar melhor quem nomeia".
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"Sempre foi prática fazer essas reuniões informativas e ou preparatórias, com governantes, com gestores de empresas ou institutos públicos, ou simplesmente com outros organismos, associações, entidades e empresas privadas, líderes de opinião ou especialistas nas matérias em apreço. Independentemente, ou antes ou depois de audições parlamentares", lê-se.
Nas anteriores legislaturas, Carlos César garante que "foram inúmeras as ocasiões em que isso ocorreu", embora não dê qualquer outro exemplo, limitando-se a acrescentar que as reuniões aconteceram até "com partidos como os agora na oposição à esquerda do PS", ou seja, durante a geringonça com Bloco de Esquerda e PCP.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, já fez saber que o seu partido "não realiza, nem realizou, reuniões preparatórias de audições parlamentares com membros do Governo nem com pessoas exteriores ao Governo", numa nota no Twitter.
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda não realiza, nem realizou, reuniões preparatórias de audições parlamentares com membros do Governo nem com pessoas exteriores ao Governo
- Pedro Filipe Soares (@PedroFgSoares) April 10, 2023
Carlos César rejeita também que a reunião tenha servido para condicionar as respostas da ainda CEO da TAP, na audição a que foi sujeita, lembrando que "a própria gestora, da qual não se pode dizer que seja especialmente amiga do governo, já desmentiu qualquer condicionamento ou tentativa de a condicionar".
E, para o deputado que participou na reunião, Carlos César não poupa nos elogios, já que Carlos Pereira é um deputado "que vale, sozinho, em trabalho e em qualidade, mais do que muitos atuais deputados da oposição juntos".
Conduta "estúpida" e o elogio a Pedro Nuno Santos
Já sobre o e-mail do Governo a apelar à mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos César muda de tom e parte para a crítica ao antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.
Para o presidente socialista, o comportamento do antigo governante é "censurável" e este tipo de comportamentos "não são aceitáveis e revelam uma conduta perniciosa e, digo mesmo, estúpida".
"Como socialista, que acredita no governo em funções e no seu desempenho mesmo nas condições difíceis com que se tem confrontado, já que o membro do governo já não o é, ou seja, que não é possível ele se demitir ou demiti-lo agora, só resta pedir desculpas ao Presidente e às pessoas em geral", acrescenta.
Carlos César admite que o nome da companhia aérea sai manchado, numa altura em que o Governo está à procura de vender a empresa, mas volta ao tom elogioso para destacar o trabalho do antigo ministro Pedro Nuno Santos.
"Não deixa de ser grotesca a omissão que se faz ou procura fazer do facto da TAP ter dado lucro, antecipando esse objetivo que estava previsto no seu plano de reestruturação, a que não é estranha nem a sua gestão nem a sua tutela, nesse período, recorde-se, exercida por Pedro Nuno Santos", remata.
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"Grotesca" é também a atitude da oposição, sobretudo da direita que, na opinião do socialista, "só anda à procura dos enredos e dos lapsos, por mais ou menos relevantes que sejam, que entretenham narrativas contra o governo".
Por último, e depois dos apelos à dissolução da Assembleia da República, Carlos César lembra que Jorge Sampaio "demitiu" Santana Lopes porque este "era primeiro-ministro por procuração e não pela legitimidade da eleição".
"O que importa, por isso, como reconheceu e aflorou o Presidente da República, é o bom governo de Portugal e que as oposições também sejam bem melhores do que são", conclui.