Carlos César não vota numa candidata "distante das pessoas, rude e divisionista"
Presidente do PS não revela quem é que o PS apoia e recusa que o partido pense já nessa questão. Mas já sabe em quem, a título pessoal, não votará.
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É um aviso que Carlos César diz não ter destinatário, mas que está dado, está. O presidente do PS garantiu esta quarta-feira, no programa Almoços Grátis da TSF, que não votará num candidato ou candidata presidencial "distante das pessoas, rude e divisionista".
Com o tema das Presidenciais a ser colocado na agenda mediática pelo primeiro-ministro, António Costa, numa visita à Autoeuropa - em que lançou Marcelo Rebelo de Sousa como vencedor e anunciou mesmo a sua vitória - o presidente do PS não tem "urgência ou prioridade neste debate", isto depois de o próprio Presidente da República ter dito que "quem anda a falar de presidenciais é quem vive numa bolha mediática".
Na hora de olhar para os candidatos, Carlos César identifica um "conotado com a extrema-direita que já disse que se candidatará". Sobre o PCP, tudo indica que "apresentará, como é costume, o seu candidato" e, em relação ao Bloco de Esquerda, "segundo o que dizem os seus dirigentes e inspiradores, gostaria muito da candidatura de Marisa Matias".
Sobra "uma candidatura ou candidaturas que preencham as preferências dos eleitores de centro-direita e centro-esquerda, o grande espaço eleitoral do país". Para Carlos César, "Marcelo Rebelo de Sousa é um dos candidatos que preenche potencialmente esses espaços".
Na hora de escolher - e sem revelar em quem vota - Carlos César deixa algo claro: "Não votarei num candidato ou candidata que me pareça distante das pessoas, rude, divisionista ou propenso ou propensa ao radicalismo."
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Os apoios do PS
No país, "tal como no PS, não há suspensões de democracia", garante Carlos César, que não quer ver o próximo Congresso a ser "ocupado" pela "análise das qualidades desejadas para um órgão unipessoal de soberania". Ainda assim, haverá "adequada reflexão interna".
Por isso, o presidente do partido quer o PS com as "atenções nas tarefas de recuperação do país e na preparação das autárquicas" do próximo ano, com o congresso a decorrer no primeiro trimestre de 2021.
E analisados os possíveis candidatos, o que resta ao PS? "As alternativas são simples: uma é patrocinar e apoiar uma candidatura, outra é apoiar simplesmente uma candidatura que esteja presente e outra é definir com muita clareza o seu entendimento sobre o próximo mandato presidencial, sem vinculação do partido e com liberdade de opção dos militantes. Eu, pessoalmente, prefiro esta ultima opção."
PSD "desconfortável" com Marcelo? "Nada"
Olhando para o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos César diz fazer uma avaliação "em geral positiva" do mandato do Presidente da República. Mas o PSD parece "desconfortável com Marcelo Rebelo de Sousa".
David Justino nega esse desconforto e não deixa o presidente do PS sem resposta: "O PSD não está nada desconfortável. Se estivéssemos desconfortáveis estávamos de cabeça perdida à procura de um candidato."
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O vice-presidente do PSD vê nas palavras de Costa na Autoeuropa "o objetivo de fechar a crise governamental". Mas identifica um problema: "Não conseguiu disfarçar uma potencial crise dentro do PS."
Mas a "iniciativa" tem ainda um outro objetivo identificado por David Justino: o de "condicionar as alternativas internas que existem no PS" para as presidenciais, o que levará o partido a, na linha do Carlos César disse, "envolver todos sem envolver ninguém" na escolha de uma candidatura.
Sobre algumas das análises e comentários políticos que indicam que o PSD vai ter de "apoiar o candidato do PS", David Justino defende que esta é a "perversão completa das leituras que se podem fazer" e lembra que Marcelo Rebelo de Sousa é "incontornável na história do PSD".
Por isso, a posição do PSD é "confortável, se há posição confortável é esta", com um Presidente da República que teve um um mandato "positivo" e com a população a exprimir "apoio e reconhecimento".
"Não sei onde é que o PSD pode estar desconfortável", termina.