Carlos Cortes: "Vamos apresentar aos deputados propostas para que a Saúde tenha um rumo"
O bastonário da Ordem dos Médicos está em funções desde março de 2023 e teme que continuem a ser apresentados programas que nada resolvem. No entanto, nesta entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, sente que a atual ministra, Ana Paula Martins, ouve mais e decide mais do que o anterior governante Manuel Pizarro
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O bastonário da Ordem dos Médicos quer entregar um conjunto de propostas no Parlamento para ajudar os deputados a melhorar as condições dos médicos e da saúde, no âmbito do debate na especialidade do Orçamento para o próximo ano.
As propostas não têm ainda um custo definido e o bastonário deixa essas contas para os especialistas. Sobre os valores orçamentais deste ano, Carlos Cortes diz que duplicar o Orçamento na saúde, como aconteceu nos últimos anos, não tem correspondido ao aumento da qualidade dos serviços prestados. Ou seja, o problema não parece ser só o dinheiro.
Outra crítica é a profusão de reformas, programas e planos de emergência que não dão resultados. O bastonário entende que continua a faltar aposta na prevenção e que o Serviço Nacional de Saúde continua a ser "urgênciadependente". Ou seja, a depender excessivamente das urgências hospitalares.
Nesta entrevista à TSF e ao DN, Carlos Cortes garante que a análise que está a ser feita às recomendações sobre o número de elementos mínimos para as equipas de urgência, não significa uma diminuição dessas equipas. "Quem percebeu isso, percebeu mal", explica Carlos Cortes, acrescentando que o objetivo é rever "à luz do daquilo que são as normas atuais, o número de médicos por equipa". E depois "definimos também aquilo que os médicos podem fazer". "Se só tivemos quatro médicos em vez dos cinco definidos (por exemplo), o que é que estes quatro médicos vão poder fazer?" Carlos Cortes diz que "não podemos ter equipas desfalcadas sem capacidade de resposta, porque isso seria mau para o profissional de saúde, mas também poderiam pôr-se aqui problemas de segurança para a grávida e para a criança", no caso das urgências obstétricas.
Sobre o desempenho, nestes primeiros meses da ministra da saúde, Carlos Cortes elogia "a capacidade de ouvir" de Ana Paula Martins, por comparação com o antecessor Manuel Pizarro, mas diz que ainda é cedo para fazer uma avaliação positiva ou negativa. Na comparação com o passado, o bastonário da Ordem dos Médicos entende que são confusas as competências da direção executiva do SNS. "Muitas vezes não sabemos muito bem quem é o Ministro da Saúde", apontando para dúvidas maiores no Governo anterior. "Nós não sabíamos muito bem se o ministro era o doutor Fernando Araújo, se era o doutor Manuel Pizarro. Tínhamos uma direção executiva muito forte que se sobrepunha ao próprio ministro". Neste momento, acrescenta o bastonário, "temos uma ministra muito mais forte em que o papel da direção executiva é um papel muito secundário".
