
ESTELA SILVA / LUSA
Políticos, economistas, académicos, cientistas e escritores escrevem hoje ao primeiro-ministro, querem uma outra atitude de Portugal em relação à Grécia.
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É uma carta assinada por um grupo de cidadãos preocupados com a posição do Estado Português no Conselho Europeu desta quinta-feira.
Na lista de 32 assinaturas, surgem nomes como Freitas do Amaral, Pacheco Pereira, Bagão Félix, Carlos César, Ferro Rodrigues, Francisco Louçã, ou João Cravinho, quase todos subscritores do Manifesto dos 74.
Ainda na política, há uma novidade, a assinatura de Octávio Teixeira, do PCP. Fora da política, assinam este apelo direto a Passos Coelho, por exemplo, a investigadora Maria Mota, o antigo reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, Manuela Silva ou a escritora Lídia Jorge.
O texto é breve e o apelo claro. Os signatários pedem ao primeiro-ministro que não isole Portugal de uma atitude construtiva, que conduza a uma cooperação europeia em torno da crise grega.
A carta começa por constatar que Passos Coelho tem defendido que «mesmo perante a grave crise humana que se vive na Grécia, a política de austeridade prosseguida deve manter-se inalterada», para logo concluir que «os factos têm evidenciado que este caminho é contraproducente».
Reconhecendo que este é um momento de múltiplos desafios para a Europa, afirma-se que o caminho para «evitar uma longa depressão» passa por «combater a incerteza na zona euro», e por uma «abordagem robusta que promova soluções realistas e de efeito imediato». Os signatários consideram ainda que não deve perder-se esta oportunidade, para «um debate europeu sobre a recuperação das economias e das políticas sociais dos países mais sacrificados ao longo dos últimos seis anos».
É do interesse de Portugal, dizem os subscritores, «contribuir ativamente para uma solução multilateral do problema das dívidas europeias reduzindo o peso do serviço da dívida em todos os países afetados, que tem sufocado o crescimento económico, agravando a crise da zona euro».
Nesta carta a Passos, em dia de Conselho Europeu extraordinário, defende-se ainda uma Europa «que não seja identificável com um discurso punitivo, mas com responsabilidade e solidariedade», uma Europa que «não humilhe os estados-membros mas promova a convergência, que não destrua o emprego e as economias mas contribua para uma democracia inclusiva».