Carvalho da Silva: Existem razões para «mobilização muito grande» da sociedade
O secretário-geral da CGTP considerou, esta quarta-feira, que existem razões para uma «mobilização muito grande da sociedade portuguesa contra» as medidas de austeridade avançadas pelo Governo.
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Carvalho da Silva, que reagia à apresentação pelo Executivo do documento de estratégia orçamental 2011-2015, advertiu que as «políticas de recessão» conduzirão a um «caminho de redução acelerada do emprego», a um «empobrecimento e agravamento de injustiças muito grave» que, em poucos anos, «pode colocar o país num patamar social e de desenvolvimento de onde é muito difícil sair».
«O Governo fala como se viessem aí coisas maravilhosas a partir de 2013/2014, fala em prosperidade, crescimento e emprego (...) e quando se passa à observação das propostas concretas para o imediato, aquilo que tem de certeza impacto na vida das pessoas, o que vemos é que as medidas vão provocar mais recessão económica, mais desemprego, privações de diversa ordem, a continuação de uma injustiça fiscal muito grande, limitação no acesso à saúde e educação e mais precariedade de emprego», disse.
Carvalho da Silva defendeu ainda que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, tornou claro na conferência de imprensa desta quarta-feira que medidas excepcionais como o congelamento de salários e pensões «se vão manter e agravar». «Vamos continuar a ter redução de salários, de prestações sociais, mais precariedade de emprego e mais dificuldades», indicou.
«O país está condenado com tudo isto a aumentar o desemprego. Tudo o que é avançado aumenta o desemprego», alertou.
O ministro das Finanças anunciou esta quarta-feira uma «taxa adicional de 2,5 por cento» para os contribuintes com rendimentos mais elevados e uma outra de três por cento para as empresas com lucros acima de 1,5 milhões de euros.
Vítor Gaspar disse que essa sobretaxa representa uma receita para o Estado «um pouco inferior a 100 milhões de euros».
Já o ajustamento das contas públicas deverá continuar pelo menos até 2015, com o Governo a projectar um défice orçamental de apenas 0,5 por cento do PIB em 2015, de acordo com o documento.