O líder do PCP considerou hoje que a acumulação de cargos por António Borges na coordenação das privatizações e na Jerónimo Martins é «uma pouca-vergonha incompatível com a democracia».
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No final de um almoço no clube de pessoal da siderurgia nacional, no Seixal, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, comentou a acumulação de cargos de António Borges.
«Diz Passos Coelho que não há incompatibilidade, talvez tenha razão. Não há incompatibilidade nenhuma desde que se sirva sempre o grande capital, mesmo que isso seja uma pouca-vergonha incompatível com a democracia, com o regime democrático que está consagrado na Constituição da República», afirmou Jerónimo de Sousa.
Para Jerónimo de Sousa, este é um exemplo do «despudor» com que se justificam «favores» e do «quanto artifício e engano vive este Governo para garantir os interesses do grande capital».
«O exemplo do senhor António Borges nomeado para o plano das privatizações e escolhido pelo grupo Jerónimo Martins para um bom lugarinho lá no grupo económico fala por si», sublinhou.
O primeiro-ministro defendeu na sexta-feira que não há «nenhuma incompatibilidade», quer legal, quer política, entre as funções que António Borges vai desempenhar na administração da Jerónimo Martins e de consultoria junto da Parpública.
A Sociedade Francisco Manuel dos Santos, acionista da Jerónimo Martins, propôs na quinta-feira o alargamento do conselho de administração da empresa para 11 membros, com a entrada do economista António Borges e do responsável financeiro Alan Johnson como vogais.
António Borges, antigo diretor do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI), vai liderar uma equipa governamental que funcionará no âmbito da Parpública para acompanhar as privatizações, de acordo com uma entrevista do primeiro-ministro ao semanário Sol em fevereiro.