Caso Influencer: ex-diretor da PJ pede "discrição" e diz que PGR não deve explicar-se publicamente
Santos Cabral considera que cabia à Polícia Judiciária e não à PSP ter liderado processo Influencer.
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O antigo diretor da Polícia Judiciária (PJ), José Santos Cabral, contraria o presidente da Associação Sindical dos Juízes, Manuel Soares, e considera que a Procuradora Geral da República (PGR) não deve explicar-se publicamente sobre o porquê de ter escolhido a PSP e não a PJ para as buscas no caso Infuencer: "Se há uma menor confiança na PJ por qualquer motivo, este assunto deve ser tratado com discrição e deve ser resolvido."
Em declarações à TSF, o juiz jubilado e ex-conselheiro do Supremo tribunal de Justiça afirma que "o próprio interesse público exige que não saia a público a existência de conflitos". No seu entender, é preciso resolver eventuais diferendos internamente e "dar a imagem de que as instituições colaboram e estão a trabalhar em conjunto".
As afirmações de José Santos Cabral surgem depois de Manuel Soares ter alegado que "o Estado tem uma PJ com um departamento especializado no combate à corrupção e na investigação da criminalidade económico-financeira, com centenas de inspetores, com uma máquina montada e experiente a nível nacional" e, portanto, se os portugueses através de impostos pagam "uma polícia para ter esta competência e se num caso A ou B, prescinde-se de recorrer a outra, isto precisa de ser explicado".
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Santos Cabral lembra, no entanto, que não é a primeira vez que se verifica o afastamento da PJ em processos judiciais: "Isto ao longo da história sucedeu noutras situações."
"Por vezes na Autoridade Tributária, são pessoas dotadas de conhecimentos especializados para estas matérias, não ponho isso em causa", adianta, deixando a ressalva de que "em princípio é à Polícia Judiciária que o Ministério Público deve recorrer para que as coisas devam ser conduzidas de uma forma correta".
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José Santos Cabral afirma que não conhece o caso em concreto, nem sabe se a PSP só participou nas buscas, ou está também a participar no inquérito.
"Com todo o apreço que tenho pela PSP (...) é evidente que tem secções dedicadas à investigação criminal e gente muito boa, mas não se pode exigir à PSP o conhecimento concreto relativamente à área económica", conclui.