Em Portugal, mantém-se a tendência decrescente dos números de tuberculose, mas a Direção geral da Saúde alerta para a necessidade de aumentar a literacia para que seja possível reduzir o tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico. Pelo que revela o relatório de vigilância e monitorização da tuberculose em Portugal, em 2019 a mediana de dias até ao diagnóstico foi de 74, mais 13 dias do que em 2008 .
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O relatório publicado esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde compara os dados de 2018 com os os dados de 2019 e mostra que, de um ano para o outro o número de notificações de casos de tuberculose desceu de 1.886 para 1.848, o que corresponde a uma taxa de 18 casos por 100 mil habitantes. Em 2018, essa taxa era de 18,4 casos.
A tendência de decréscimo de casos tem sido consistente desde o ano 2000, mas nem todos os indicadores são positivos. Apesar da tuberculose ter uma clara prevalência em idade adulta (a mediana é de 49 anos) e de apenas 3% do total de casos ter atingido crianças até aos 15 anos , o número de casos em crianças até aos 5 anos aumentou. Em 2019 houve mais 11 casos do que em 2018, o que fez crescer a taxa de incidência nesta faixa etária de 6, 62 casos para mais de 8 casos por 100 mil habitantes.
Outro indicador negativo, para o qual a DGS chama a atenção tem a ver com a mediana de dias até ao diagnóstico. Se em 2008 a mediana era de 61 dias, em 2018 foi de 79 e em 2019 de 74. Segundo a autoridade de saúde, esta evolução revela que quer a população, quer os profissionais de saúde suspeitam menos da doença quando surgem os primeiros sinais. O estudo mostra que em dois terços dos casos, o atraso no diagnóstico ficou a dever-se ao atraso do utente na valorização dos sintomas e na ida ao médico e no restante um terço o problema ocorreu na resposta dos serviços de saúde.
Quanto à distribuição regional dos casos, verifica-se que a região de Lisboa e Vale do Tejo e a região Norte continuam a ser as regiões com maiores taxas de incidência sendo as únicas com mais de 20 casos por 100 mil habitantes. E na distribuição por sexo, a tuberculose afeta mais homens do que mulheres. Em 2019, 66, 9% dos casos notificados eram do sexo masculino.
Os dados constam de um relatório que aponta estratégias para Portugal atingir a meta traçada pela Organização Mundial de Saúde de reduzir em 90% os casos de tuberculose até 2035. Apesar dos números estarem a diminuir , a diretora geral da Saúde defende a necessidade de apostar numa maior vigilância e em campanhas de sensibilização. Graça Freitas acredita que uma população informada tem inevitavelmente um papel decisivo no diagnóstico e no tratamento da doença.