O Presidente da República parte, esta terça-feira, para os Açores, no cumprimento de uma promessa feita em 2007. Porém, desde então nem sempre a relação entre Cavaco Silva e Carlos César foi a melhor.
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Têm sido tensas as relações entre o Presidente da República e Carlos César. Cavaco aterra esta terça-feira manhã nos Açores, poucos meses depois da campanha das presidenciais, na qual o presidente do governo regional o acusou de «lançar os portugueses uns contra os outros na caça ao voto».
Esta é a segunda visita do chefe de Estado ao arquipélago e, desta vez, o Presidente da República vai conhecer as ilhas menos desenvolvidas.
Para a história, fica o episódio do Estatuto Político-Administrativo dos Açores como marca do primeiro ponto de discórdia entre os dois. Há três anos, Cavaco pedia ao tribunal que fiscalizasse a constitucionalidade do diploma, sustentando que punha em causa a separação de poderes e afectava o normal funcionamento das instituições.
Depois disso, veio a picardia por causa da remuneração compensatória atribuída aos funcionários públicos dos Açores, uma medida lançada por César para compensar os açorianos da austeridade que estava a ser imposta pelo Governo de Sócrates.
Cavaco duvidou da constitucionalidade desta decisão e foi aí que o presidente do governo regional o acusou de estar a «dividir os portugueses».
Poucos dias depois, Cavaco - o candidato - visitava os Açores em campanha e ouviu outra crítica de César. O presidente do governo regional acusava-o de «falta de consideração» por não se encontrar com os órgãos de governo do arquipélago.
Desta vez, Cavaco - já não o candidato, mas o Presidente - visita seis ilhas em cinco dias. Na primeira vez em que esteve nos Açores como chefe de Estado, em 2007, prometera voltar para conhecer o resto do arquipélago. As zangas com Carlos César não o dissuadiram.
Num comentário a este regresso aos Açores de Cavaco Silva, Carlos César disse à agência Lusa que o Presidente da República é bem-vindo. Contudo, não atribuiu grande importância à visita, porque ela não é de trabalho, mas apenas de soberania e de representação.