O Presidente da República considerou hoje que, 40 anos depois do 25 de Abril, «falta cumprir o desenvolvimento». Cavaco Silva voltou ainda a insistir na importância da cultura do compromisso.
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Cavaco Silva falava na conferência organizada pela Presidência da República, na Fundação Champalimaud, onde avisou que só com desenvolvimento é que a democracia pode corresponder «aos sonhos nascidos numa madrugada de abril».
Foi essa a mensagem numa iniciativa em que o Presidente avisou também que se a liberdade agora é um valor adquirido, o mesmo não se passa com outras variáveis da equação democrática.
«A segurança no emprego, a possibilidade de afirmar o seu talento ou a capacidade de constituir família e assegurar a sua autonomia são ambições legítimas que os jovens de hoje não têm por adquiridas ou garantidas», afirmou. Por isso, Cavaco Silva diz que esta conferência também serviu para ajudar a cumprir essas ambições.
Nesta breve intervenção no encerramento da conferência "Portugal: Rotas de Abril", o Presidente da República insistiu ainda na ideia de compromisso.
«A cultura do compromisso que predomina na maioria dos países da União Europeia tem tido dificuldade em instalar-se na nossa democracia. Mas, eu considero que é preciso insistir e todos aqueles que estejam conscientes de que a cultura a cultura do compromisso é essencial para o nosso futuro coletivo não devem deixar de insistir», disse.
Sublinhando que não irá deixar de insistir neste apelo, Cavaco Silva sustentou que «há certas boas atitudes que levam tempo até se instalarem no funcionamento normal da democracia» e, no caso de Portugal, é o que acontece com a cultura do compromisso.
«Os portugueses, enfim, estão conscientes dos desafios que Portugal enfrenta neste momento crucial da sua história. Reconhecem e valorizam o compromisso como pressuposto essencial de governabilidade e desenvolvimento numa perspetiva nacional de médio prazo», referiu Cavaco, num dia em que o primeiro-ministro e o líder do PS, em entrevistas ao Expresso, não excluem acordos de Governo.
Já antes Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, havia feito um balanço do momento atual: «Temos motivos para estar esperançosos e para estar preocupados. A esperança é porque já fizemos muito e temos exemplos, preocupados porque a dimensão do problema é muito maior do que os recursos que, neste momento, estão mobilizados».