Antigo chefe de Estado destaca um "ilustre académico".
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O anterior Presidente da República, Cavaco Silva, manifestou esta quinta-feira "enorme tristeza" pela morte do fundador do CDS e antigo ministro Freitas do Amaral, elogiando-o pelo seu "espírito livre" e pelo contributo para uma democracia pluripartidária em Portugal.
"Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento da morte do Prof. Diogo Freitas do Amaral, um dos construtores de uma democracia pluripartidária em Portugal. Foi, a par de Mário Soares e de Francisco Sá Carneiro, um defensor convicto de uma democracia de tipo ocidental no pós-25 de Abril", afirma Aníbal Cavaco Silva.
Numa nota enviada à agência Lusa, o anterior chefe de Estado lembra Freitas do Amaral como "ilustre académico" e "homem dedicado à causa pública, que desempenhou com grande dignidade e dedicação funções do maior relevo", dirigindo à sua família "uma palavra de profundo pesar", em seu nome e da sua mulher, Maria Cavaco Silva.
Cavaco Silva recorda os tempos em que os dois foram colegas no Governo da Aliança Democrática (AD) presidido por Francisco Sá Carneiro: "Como vice primeiro-ministro, Freitas do Amaral contribuiu ativamente para a execução de uma política coerente de desenvolvimento económico e social do país".
"Foi também notável a sabedoria com que assumiu transitoriamente a chefia do Governo da AD após a morte do líder social-democrata em 1980. Estas circunstâncias levaram-me a defender ativamente a sua candidatura independente às eleições presidenciais de 1986", acrescenta o antigo primeiro-ministro.
Ainda sobre o seu apoio a essa candidatura presidencial, quando liderava o PSD, Cavaco Silva diz que essa decisão se fundou "no reconhecimento de que Freitas do Amaral tinha uma vontade firme de apoiar a concretização de um projeto de mudança para Portugal assente nos princípios da democracia, da libertação da sociedade civil e nos valores fundamentais da justiça social e da solidariedade".
"Manteve-se como um espírito livre e fez questão de sublinhar o seu europeísmo quando, em 1992, então deputado independente, votou a favor da ratificação do Tratado de Maastricht", assinala o ex-Presidente da República.
Cavaco Silva destaca também o facto de Freitas do Amaral ter exercido as funções de presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1995 e 1996, "prestigiando Portugal e demonstrando uma vez mais as suas extraordinárias qualidades políticas e pessoais".