Cavaco: «Estão a ser exigidos sacrifícios muito pesados aos portugueses» (com vídeo)
O Presidente da República afirma que estão a ser exigidos aos portugueses «sacrifícios muito pesados», referindo que a «dureza» da recessão manifesta-se há 10 trimestres consecutivos.
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«Estão a ser exigidos sacrifícios muito pesados aos portugueses, que têm manifestado um admirável sentido de responsabilidade, reforçando laços de solidariedade e de entreajuda que permitem minorar algumas das situações mais dramáticas», afirmou Aníbal Cavaco Silva, no plenário do Parlamento Europeu.
Depois de Cavaco Silva ter iniciado o seu discurso, deputados do Grupo da Esquerda Unitária Europeia (família política europeia a que pertencem os eurodeputados portugueses do Bloco de Esquerda e do PCP) ergueram, de forma silenciosa, cartazes com a inscrição "'Troika' fora de Portugal".
O protesto não provocou a qualquer interrupção da intervenção do Presidente da República.
O chefe de Estado disse que, em Portugal, «a dureza da recessão manifesta-se há 10 trimestres consecutivos», a taxa de desemprego «atingiu 17,7%, sendo o desemprego jovem de 42%», e existe «um preocupante aumento do risco de pobreza».
O Presidente da República afirmou que os portugueses «sentem com particular incidência a crise económica e financeira» e recordou que, desde meados de 2011, Portugal tem feito um «importante esforço de ajustamento económico e financeiro e de reformas estruturais» no quadro do programa de ajustamento acordado com a 'troika'.
Apesar da existência de um «contexto económico externo muito mais desfavorável do que inicialmente previsto pelas instituições [que formam a 'troika' -- Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu] e do choque assimétrico» a que Portugal foi sujeito, o processo de consolidação orçamental português «tem vindo a avançar», declarou.
Cavaco Silva disse ainda que a contração da procura interna na zona euro, ao agravar o impacto das medidas que Portugal teve de adotar para atingir as metas do défice orçamental, «contribuiu para acentuar a recessão e elevar o desemprego para níveis socialmente inaceitáveis».
O Presidente da República iniciou, na terça-feira, uma visita oficial às instituições europeias, em Estrasburgo e em Bruxelas, que inclui encontros com os presidentes do Parlamento Europeu, Martin Schulz, do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.