O presidente da República pede uma "solução europeia" para a crise e lembra que o encerramento de fronteiras tem de ser temporário. Conselho Português para os Refugiados e Plataforma de Apoio aos Refugiados estão preocupados com atrasos e ainda desconhecem data dos primeiros acolhimentos em Portugal.
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Num momento em que ainda se espera que Portugal comece a receber os cerca de 4500 refugiados, ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia, Cavaco Silva apela a uma "solução europeia" e à "forte cooperação de todos os estados-membros" para resolver o que considera ser um problema "de grande complexidade".
O presidente da República esteve reunido, à porta fechada, com o Coordenador e Comissão Executiva da Plataforma de Apoio aos Refugiados e com a presidente do Conselho Português para os Refugiados.
Na declaração inicial, aberta aos jornalistas, Cavaco Silva afirmou que os estados que encerraram fronteiras, caso prolonguem essa decisão, estão a "violar um dos princípios em que assenta a construção europeia".
"Há países que introduziram limitações no funcionamento do esquema Schengen, mas essas limitações não podem deixar de ser temporárias", disse.
O chefe de Estado lamenta ainda que, cerca de um mês depois de o Conselho Europeu ter decidido recolocar cerca de 160 mil refugiados, o processo esteja ainda atrasado: "Nós não podemos deixar de lamentar o atraso com que se tem processado a recolocação dos refugiados, principalmente os que se encontram na na Grécia, na Itália, na Hungria e, agora, na Suécia".
Diz Cavaco Silva que os casos resolvidos, até ao momento, representam um número "limitadíssimo", quando, apenas no passado mês de outubro, cerca de 218 mil atravessaram o Mediterrâneo.
"Estamos a falar em menos de cem pessoas, quando aquilo que foi aprovado e decidido [no Conselho Europeu] foi em relação a 160 mil", frisou.
O presidente da República chamou ainda a atenção para o problema dos traficantes e salientou que é "fundamental" ir "às raízes" de crise e trabalhar em conjunto com os países de origem dos refugiados.
Plataforma e CPR preocupados com atrasos
O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados diz-se preocupado com a "lentidão" do processo de acolhimento, ainda para mais num momento em que se "aproxima o Inverno".
Rui Marques, que garante que em Portugal há cerca de 6 mil voluntários disponíveis para ajudar no acolhimento, pede mais "celeridade" por parte das instituições europeias e dos estados-membros: "É evidente que a situação é complexa, exige um conjunto de operações, mas passou mais de um mês e o número de refugiados recolocados é muito baixo".
O coordenador da Plataforma diz que ainda está à espera de "informação exata" sobre a chegada dos primeiros refugiados a Portugal, mas diz que o país "não deve ficar com mero espectador passivo" e pede um postura "proativa" junto das instituições europeias, que acusa de "falta de vontade política" para resolver o problema.
Também a presidente do Conselho Português dos Refugiados disse "não ter ainda nenhuma informação concreta" sobre a data de chegada dos primeiros refugiados.
Teresa Tito de Morais manifestou-se ainda preocupada com os atrasos no processo de acolhimento: "Obviamente que estamos preocupados, porque a expectativa de que as pessoas que precisam de ser urgentemente ajudadas e apoiadas no nosso pais seria para que este processo fosse mais rápido".