«Nada está acordado, até que tudo esteja acordado». Foi com esta máxima da negociação que Cavaco Silva rematou uma conversa descontraída com jornalistas, já a bordo da Fragata Vasco da Gama.
Corpo do artigo
Em Lisboa, ainda durava a reunião entre as delegações dos três principais partidos, na São Caetano à Lapa, mas ao zarpar do Funchal o Presidente mostrou-se otimista, sublinhando que tem registado mudanças e sinais muito positivos, alguns até com significado histórico, no relacionamento entre as diversas forças políticas.
Aos olhos da Presidência, há um espírito de compromisso a diversos níveis, raro na vida político-partidária em Portugal. Cavaco Silva fez questão de enumerar, um a um, esses sinais.
Antes de mais, as longas rondas negociais entre PSD, PS e CDS, com vontade real de atingir um compromisso, e com discrição notável, na opinião do Presidente. Depois, a rapidez com que PSD e PS se entenderam na escolha do novo provedor de justiça, e o entendimento entre a Associação Nacional de Municípios e o Governo, nas negociações à roda da lei das comunidades intermunicipais, e da lei das finanças locais.
Perante a previsão de navegação tranquila, madrugada fora, até às Selvagens, com «Mar chão e aragens», Cavaco Silva não arriscou usar a expressão para classificar o rumo das negociações entre os três principais partidos, mas assinalou o sentido de responsabilidade, e o respeito que tem marcado o processo negocial.
Um processo imposto pelo próprio Presidente da República, e no qual Cavaco Silva vê sinais históricos, raros na política portuguesa.