No seu discurso do 25 de Abril, o Presidente da República deverá insistir na ideia da necessidade de «consensos necessários à salvaguarda do superior interesse nacional».
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Cavaco Silva vai voltar a falar na necessidade de consenso no seu discurso do 25 de Abril, esta quinta-feira, não apenas entre o Governo e a oposição, mas também entre a própria coligação governamental.
Isso mesmo ficou aliás subentendido nas entrelinhas do comunicado que saiu da reunião entre Passos Coelho e o Presidente da República no sábado a seguir ao chumbo do Tribunal Constitucional.
Nesse texto, Belém sublinhava a necessidade de serem «preservados os consensos necessários à salvaguarda do superior interesse nacional».
Nos últimos tempos, Cavaco tem procurado ter um papel mediador entre as principais forças políticas («o consenso político é fundamental um entendimento entre as forças partidárias comprometidas com o acordo de assistência financeira»), mas também entre os parceiros sociais.
Mas os recados do Presidente da República não têm sido apenas internos, dado que Cavaco tem posto muito a tónica no nível europeu, o que deverá voltar a fazer no seu discurso desta quinta-feira.
Para além de sublinhar o papel que cabe a cada uma das instituições, nomeadamente ao BCE, na resolução da crise, o chefe de Estado não se tem coibido de criticar os líderes europeus, tendo chegado a dizer, a propósito de Chipre, que «o bom senso emigrou».
Também em várias outras alturas, Cavaco foi duro para com as decisões dos «diretórios não mandatados».
Por isso, a lógica neste 25 de abril deverá ser a da responsabilização: por um lado dos líderes europeus, por outro lado do próprio Governo português e dos partidos comprometidos com a troika.