Cavaco recusa ideia que emigração é sempre «uma perda irreversível para o país»
O Presidente da República defendeu hoje a criação de condições para trazer de volta os «talentos» que saíram de Portugal a «contragosto», mas recusou a ideia de que a emigração represente necessariamente uma «perda irreversível para o país».
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«Devemos assumir uma visão serena e realista desta nova realidade do mundo global, recusando a ideia que a emigração representa necessariamente uma perda irreversível para o país. Temos, isso sim, de criar condições de atração para todos, para os que desejam ficar e para os que, estando no estrangeiro, aspiram a regressar ou a vir viver para Portugal», afirmou o chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva.
Numa intervenção no encerramento do 11.º Encontro Nacional de Inovação COTEC, Cavaco Silva partiu das conclusões do estudo "Transforma Talento Portugal", realizado pela COTEC e pela Fundação Calouste Gulbenkian, para alertar para a insuficiente valorização do talento em Portugal.
«Os jovens portugueses ambicionam, muito justamente, ter a possibilidade de afirmar, em Portugal ou no estrangeiro, as suas opções individuais e serem responsabilizados e reconhecidos por elas, alcançando, por mérito próprio, lugares de destaque e bem remunerados», referiu.
Por isso, defendeu, é necessário valorizar o potencial do talento produzido em Portugal e «criar condições para trazer de volta aqueles que saíram a contragosto do país».
Contudo, continuou, há outro problema «mais gravoso e que urge ser corrigido» e que se relaciona com o facto dos talentos nacionais parecerem ser mais valorizados em Portugal depois de passarem pelo «crivo» de uma avaliação no estrangeiro.
"A gestão do talento é um tema transversal à sociedade portuguesa e uma questão determinante para o nosso futuro coletivo", frisou, considerando que, no plano interno importa identificar e estimular as potencialidades dos jovens, sejam eles investigadores, cientistas, empresários ou trabalhadores, criadores, artistas ou voluntários.
Cavaco Silva reiterou ainda a ideia que «o país e a economia não podem continuar a dar-se ao luxo de desperdiçar potenciais talentos por falta de oportunidades ou de capacidade para os acarinhar e deixar florescer».