CCP admite fecho de lojas mais cedo para poupar energia. Centros comerciais estão contra
À TSF, Rodrigo Moita de Deus, diretor-executivo da Associação de Centros Comerciais, defende outras medidas como a regulação da climatização, o controlo energético de meios mecânicos e a substituição da iluminação por iluminação 'led', soluções que poderão representar uma poupança de energia entre os sete e os nove por cento.
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Os comerciantes estão divididos quanto ao fecho das lojas para poupar energia. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) admite que, de domingo a quinta-feira, as lojas dos centros comerciais podem fechar mais cedo. No entanto, a Associação dos Centros Comerciais está contra.
À TSF, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, afirma que esta possibilidade é o último recurso.
"Portugal é dos países que tem horários mais extensos no comércio. Uma das hipóteses que admitimos é os centros comerciais poderem, de domingo a quinta-feira, ou seja, durante os dias da semana em que há menos movimento, depois da hora de jantar, antecipar os seus horários de encerramento. Os nossos associados consideram que essa medida é exequível. Pensamos, no entanto, que tudo isso deverá ser negociado com todas as partes interessadas de uma forma equilibrada para todos os setores do comércio", explica.
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Na passada sexta-feira, a CCP entregou um parecer ao Governo sobre o Plano de Poupança de Energia, que está a ser preparado pelo Executivo, admitindo discutir o encerramento das lojas. João Vieira Lopes revela algumas propostas que foram transmitidas ao Governo: "Pensamos que é possível, neste momento, regulamentar, como em vários países, o controlo da temperatura dos estabelecimentos e isso é um elemento de poupança energética, assim como a diminuição de iluminação de montras, sendo que o Governo aí, como contrapartida, terá que necessariamente garantir condições de segurança nessas zonas que ficarão menos iluminadas."
"Apresentamos uma série de medidas no sentido de painéis solares e admitimos que, neste momento, não devem ser impostas medidas que obriguem os estabelecimentos a fazerem investimentos, nomeadamente na área de frio", defende.
Em declarações ao jornal Negócios, João Vieira Lopes diz que a CCP está disponível para negociar várias soluções com o Governo. Não sendo a única medida possível, o fecho antecipado das lojas pode ser um caminho.
O Negócios diz esta segunda-feira que esta opção levanta, contudo, receios em alguns lojistas, que falam em prejuízos de milhares de euros.
O presidente da CCP frisa que a ideia aplica-se em exclusivo às lojas, deixando de fora a restauração e os cinemas.
João Vieira Lopes sublinha ainda que até pode nem ser preciso chegar a este ponto.
Na sexta-feira, a confederação enviou ao Governo um parecer com sugestões para o Plano de Poupança Energética. Recordando aquilo que acontece em Espanha, a CCP concorda com uma possível redução da iluminação noturna das montras e com o controlo da temperatura nas lojas, embora defenda uma alteração à forma de cálculo dos consumos. A confederação entende que não faz sentido ter como base os anos de 2020 e 2021, anos atípicos devido à pandemia, considerando também que não devem avançar já medidas que penalizem as empresas ou obriguem a grandes investimentos.
Associação de Centros Comerciais defende outras medidas: regulação da climatização, controlo energético de meios mecânicos e investimento em iluminação 'led'
O diretor executivo da Associação de Centros Comerciais está contra o encerramento das lojas algumas horas mais cedo. Em declarações à TSF, Rodrigo Moita de Deus entende que há outras medidas que poderão representar uma poupança de energia entre os sete e os nove por cento.
"Trabalhámos a parte da climatização, reduzir ou aumentar temperatura ambiente nos centros comerciais. Temos a certeza que isso permite-nos ter ganhos muito interessantes do ponto de vista da eficiência económica, ainda que seja preciso sensibilizar o público de que as coisas serão diferentes a partir de setembro. O ambiente que vamos encontrar será obrigatoriamente diferente: confortável, claro, até porque há questões relativas à segurança alimentar que é preciso ter em conta, mas muito diferente daquilo que estamos habituados", afirma, reforçando também a questão do "controlo energético dos meios mecânicos", como as escadas e os elevadores.
"Temos uma outra proposta mais para a frente, que é a substituição de tudo o que é iluminação por iluminação 'led' e tentar fazê-lo até ao final do ano, apesar do investimento que isso representa", acrescenta.
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Rodrigo Moita de Deus adianta que podem ser necessários mais apoios neste Plano de Poupança de Energia.
"Se formos falar da questão da produção própria da energia, que é um tema interessante e que será obrigatoriamente abordado nesta discussão, precisamos de garantir que há apoios financeiros e agilizar o próprio licenciamento das centrais de produção própria", assinala.
O Plano de Poupança de Energia está a ser preparado pelo Governo e deve ser apresentado até ao final deste mês.
* Notícia atualizada às 10h14