Distrital centrista quer jovens a apoiar "IPPS, forças armadas ou serviços de proteção civil" em regime de part-time, através de uma bolsa de horas. Na moção estratégica que leva ao congresso, defende também "rever o sistema eleitoral" e "agilizar referendos nacionais e locais".
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"Combater a abstenção" e mobilizar os jovens para uma "cidadania ativa" são dois dos objetivos da distrital de Lisboa do CDS, descritos na Moção de Estratégia Global que vai levar ao congresso do partido, agendado para janeiro, no distrito de Aveiro, e no qual será escolhido o sucessor de Assunção Cristas.
No texto a que a TSF teve acesso, a distrital liderada por João Gonçalves Pereira apresenta novos "compromissos", além das propostas que apresentou há dois anos na última reunião magna centrista. Entre as novidades, sustenta a necessidade da criação de "compromisso cívico" e de um "compromisso democrático" em que propõe avaliar "a introdução do voto obrigatório, a revisão do sistema eleitoral e a flexibilização e agilização de referendos nacionais e locais".
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"Propomos que seja criado um grupo de trabalho com quadros do CDS, académicos, sociedade civil e jovens que ponderem a introdução do voto obrigatório em Portugal", afirma João Gonçalves Pereira, que defende a manutenção do direito à abstenção, através de um item incluído no boletim eleitoral.
"Cada vez mais os eleitores não querem passar 'cheques em branco' aos seus eleitos"
"Há boas e más experiências (de voto obrigatório) pelo mundo fora, mas quando se atingem os cinquenta por cento de abstenção, isso impõe uma ação por parte dos agentes políticos", acrescenta o dirigente centrista que, na moção de que é primeiro subscritor, aponta a necessidade de diminuir "o fosso entre eleitores e eleitos" e de ter uma "democracia mais inclusiva".
Rever o Sistema Eleitoral e facilitar realização de referendos
"Cada vez mais os eleitores não querem passar 'cheques em branco' aos seus eleitos, pelo que se deve ponderar o recurso a referendos locais e nacionais promovendo uma cultura de participação e uma legitimidade reforçada nas decisões. Este recurso só será uma realidade se existir uma simplificação efetiva deste instrumento democrático", adianta o documento, referindo também que a vitalidade do regime depende de um verdadeiro "Compromisso Democrático", capaz de "restaurar a confiança e o envolvimento de todos os portugueses na construção de um regime forte e capaz de enfrentar os desafios de um mundo em mudança".
Compromisso Cívico
No capítulo da cidadania, o líder da distrital lisboeta do CDS propõe uma nova forma de estar na sociedade, através do serviço cívico destinado aos jovens entre os 18 e os 21 anos.
"Cada jovem que atinja a maioridade deve, no espaço de um semestre e através de uma bolsa de horas, servir numa instituição do Estado - uma autarquia, um centro de saúde, as Forças Armadas, a Proteção Civil ou uma IPSS, em regime de part-time, de forma a não colidir com os estudos ou com o trabalho, no caso de estar a trabalhar", explica João Gonçalves Pereira, que considera que "não há nada mais nobre do que servir o Estado".
"Esta cultura deve ser introduzida nos mais novos", salienta, considerando que se trata de uma forma "de enriquecimento curricular, pessoal e de cidadania", que ajuda a "combater a lógica de isolamento e a falta de consciência do que é a vida em sociedade".
"Ao inaugurar a militância digital, o CDS ficará mais próximo das pessoas e da realidade"
Sem esquecer as apostas na natalidade, no apoio aos mais desfavorecidos e numa economia sustentável, o CDS Lisboa mostra-se atento à transformação digital e desafia o partido a adaptar-se aos novos tempos, apelando a que seja colocado no caminho da "militância digital".
"Temos a ambição de continuar o rejuvenescimento do partido e, para tal, é indispensável apostar agora numa militância digital livre e confidencial, sem precisar de validação partidária e com conteúdos exclusivos para os militantes", pode ler-se na moção da distrital de Lisboa do CDS.
"Ao inaugurar a militância digital, o CDS ficará mais próximo das pessoas e da realidade e mais facilmente construirá as soluções desejadas para tornar o acesso à democracia num exercício mais livre e direto ou, se preferirmos, mais fácil", sustenta o documento, sublinhando que o CDS pode ser "o primeiro partido a lançar o voto eletrónico em eleições internas, assegurando o voto mesmo em caso de doença ou distância física".
Substituir a figura de secretário-geral por cinco secretários executivos distribuídos pelo país
Lembrando que a organização atual do partido "é a mesma desde a fundação", o CDS de Lisboa propõe uma nova forma de distribuição de pelouros e tarefas.
"Manteríamos uma espécie de diretor-geral do partido, com funções mais administrativas - não funções políticas - e substituiríamos a figura do secretário-geral por cinco secretários-gerais executivos, espalhados pelo país, que seriam coordenados por um vice-presidente", refere João Gonçalves Pereira, acrescentando que se trata de uma descentralização para "secretários-gerais políticos, executivos, que farão um acompanhamento do partido das estruturas muito de perto, estabelecendo objetivos e métricas", que iria avaliando e adaptando às necessidades.
"O partido não precisa disto hoje, já precisava ontem", considera o líder da distrital de Lisboa.
"Parece-nos ser um modelo mais interessante, de maior proximidade, que permite uma resposta às estruturas, aos militantes. É uma lógica de rentabilização", diz João Gonçalves Pereira, que acredita que "o modelo de governação do partido tem de servir o partido, não pode ser um fator que limita o seu potencial".
Aos cinco secretários executivos, podem juntar-se outros tantos "secretários executivos adjuntos" e o mesmo número de "coordenadores autárquicos".
Numa altura que diz ser de "discussão de ideias", a distrital de Lisboa do CDS sublinha que a proposta que apresenta pretende adaptar o partido "aos novos tempos", "não precisando de aumentar custos", antes trazendo "maior agilidade, mais influência e mais presença".