Francisco Rodrigues dos Santos pede para que portugueses mostrem um "cartão vermelho" ao ministro Eduardo Cabrita. Em causa, a final da Liga dos Campeões. Líder do CDS fala ainda do "dia mais feliz" enquanto presidente do partido e explica porque é que agora fala cada vez mais em PP e menos em CDS.
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"Pedir a cabeça" de Eduardo Cabrita já não é novidade no CDS, a notícia está no motivo. A final da Liga dos Campeões é só mais um pretexto para Francisco Rodrigues dos Santos pedir aos portugueses para mostrarem o "cartão vermelho" ao governante, já que "António Costa entende que não deve substituir" Eduardo Cabrita que "está constantemente fora de jogo".
"Creio que esta organização da final da Liga dos Campeões deu uma péssima imagem de Portugal e terá consequências imprevisíveis na saúde pública dos portugueses e a responsabilidade é clara, é do governo", aponta o líder do CDS.
Para Francisco Rodrigues dos Santos, o governo falhou no planeamento e na preparação e "adotou um critério absolutamente contraditório e incoerente com aquilo que tem exigido aos portugueses". Como exemplo, o presidente do partido sublinha as "multas severas para os portugueses quando desrespeitam os comportamentos de saúde pública", a proibição de adeptos em eventos desportivos ou o adiamento de festivais de verão.
Já sobre as críticas do Presidente da República ao governo sobre a necessidade de uma comunicação clara para os portugueses, Francisco Rodrigues dos Santos lança para o ar uma pergunta: "Será preciso Marcelo Rebelo de Sousa fazer um desenho a António Costa para que perceba que Eduardo Cabrita não está capaz de exercer com a dignidade institucional e com a competência as funções de ministro da Administração Interna?"
"O dia mais feliz" de Rodrigues dos Santos
No rescaldo de uma semana política intensa, de visita à feira da Capital do Móvel, em Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos diz que não vai à procura de um divã para o CDS. Nota até que o partido "não está sentado num divã" e que num domingo soalheiro está a "visitar os empresários que são os ventiladores da economia".
Aproveitando a ocasião para virar as atenções e deixar reflexões sobre a direita e o futuro para outros fóruns, Rodrigues dos Santos aproveita para falar daquele que foi, "talvez, o dia mais feliz da presidência do CDS desde que assumiu funções": a aprovação no parlamento do "Vale Farmácia".
A proposta é antiga, mas esta semana, sob forma de um projeto de resolução, teve aprovação na Assembleia da República. "O vale farmácia é um cartão que paga a totalidade dos medicamentos na farmácia aos idosos com mais de 65 anos com baixos rendimentos", nota o líder do CDS que, confrontado com o facto de ser uma recomendação ao executivo, diz estar crente de que "o governo deve ter sempre boa vontade quando está em causa um sentido humanista de ajudar uma franja da nossa sociedade que está excluída, muitas vezes isolada e votada à pobreza".
CDS? PP? CDS-PP?
Faz parte do estilo de Francisco Rodrigues dos Santos aproveitar os palcos mediáticos para lembrar sempre que pode os projetos do CDS, mas nesta visita à Capital do Móvel como noutras ocasiões ao longo dos últimos dias, nota-se que há uma mudança nas nomenclaturas utilizadas: fala cada vez mais em PP e menos em CDS.
Será coincidência ou há mesmo uma intenção? Serão "derivas à espanhola"? A resposta é clara: sim, tem que ver com os resultados de Isabel Ayuso, do PP espanhol, em Madrid.
Não é a primeira, nem a segunda ou tampouco a terceira vez, que os resultados de Ayuso servem de inspiração para a direita portuguesa, e Francisco Rodrigues dos Santos, que já o expressou num passado recente, volta à carga.
"Costuma dizer-se que de Espanha nem bom vento nem bom casamento, eu discordo. Tivemos aqui um exemplo recentemente em Madrid em que Isabel Ayuso ganhou umas eleições com o lema 'comunismo ou liberdade?'. Creio que essa é uma questão que também se deve colocar em Portugal", destaca Rodrigues dos Santos realçando que "o PS vai mostrando cada vais mais tiques da decadência política e cultural do comunismo".
Vai daí, nota o presidente do CDS que o " Partido Popular de Espanha, com este mote, mostrou que a direita que conta é uma direita popular, que se entrelaça com as necessidades das pessoas". "Eu procuro ligar o CDS às pessoas para que uma direita sem tibiezas, sem timidez, sem pseudo-simpatias com a esquerda possa formar maiorias alternativas que permitam governar e mudar o ciclo político, daí esta alusão ao PP, que de resto é o CDS, CDS que é o Partido Popular no respeito integral pela sua história", conclui Rodrigues dos Santos querendo assumir cada vez mais a vertente PP do CDS.