CDS acusa ministra de "declarações falsas". Há comunicações oficiais a dizer que "não voltarão a dar informação" sobre Covid-19
O CDS considera que Marta Temido está a mentir quando nega que não há proibição de partilha de informação sobre dados estatísticos dos doentes infetados.
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O CDS considera que a ministra da Saúde está a mentir quando nega "que não há qualquer proibição de partilha de informação" com as autarquias, em relação aos números de contágios por Covid-19.
Em declarações à TSF, o deputado João Almeida considera que as declarações de Marta Temido "são falsas", denunciando que há "comunicações a diversas autarquias das autoridades de saúde" a dizer que não será prestada informação sobre dados estatísticos.
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Os centristas querem que "seja imediatamente reposto o sistema anterior para que as autarquias tenham acesso a toda informação que lhes permite a continuar a trabalhar bem, como têm feito e que permita dar informação à população, por terem "direito a saberem o que se passa no seu concelho".
João Almeida exige ainda que a DGS explique as "divergências na partilha" da informação com as autoridades locais.
Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Espinho anunciou que não prescindirá do direito de informar diariamente a população sobre a evolução epidemiológica local da pandemia da covid-19, criticando instruções em contrário do Ministério da Saúde.
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A decisão dessa autarquia do distrito de Aveiro seguiu-se ao facto de, também na sexta-feira, as administrações regionais da tutela terem comunicado aos delegados de saúde pública de cada município que lhes estava vedada a divulgação diária da estatística local e que deviam restringir-se aos dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) - que se vêm revelando menos atualizados do que os dos municípios e, segundo a autarquia, até "altamente discrepantes".
O deputado do CDS-PP pediu a reversão da medida, considerando ser "mau de mais para poder vigorar mais um dia que seja", e apontou que está em causa uma questão de "transparência e verdade".
A ministra da Saúde negou hoje, em conferência de imprensa, qualquer "proibição de partilha de informação" a nível local ou regional.
"Quero esclarecer inequivocamente que não há qualquer proibição de partilha de informação. Há, sim, um apelo claro a todas as entidades que integram o Ministério da Saúde, em especial as autoridades locais e regionais de saúde, se concentram no envio de informação atempada e consistente para o nível nacional. Boletins parcelares podem ser causadores de análises fragmentadas. Acresce, pela dimensão de alguns dados, a possibilidade de violação do segredo estatístico", disse Marta Temido.
Também o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, se pronunciou sobre esta questão através de uma publicação na sua página da rede social 'Facebook', e considerou que "o boletim epidemiológico diário da DGS apresenta reiteradamente falhas de rigor e de credibilidade, denotando discrepâncias e somas parciais dos números face aos apurados pelas autoridades de saúde locais".
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Para o líder centrista, a proibição de partilha de informação "é de enorme gravidade, pois veda o acesso a dados, comprovadamente mais atualizados e verdadeiros que os da DGS, a quem está na primeira linha deste combate", o que pode "comprometer a programação de estratégias e a tomada de medidas de contingência localmente adequadas".
"O CDS exige ao Governo que corrija imediatamente as inconsistências e as más práticas na partilha de dados por parte da DGS, criando um verdadeiro sistema de informação para a saúde pública, em vez de manietar os circuitos de informação municipais que têm funcionado competentemente e que são fundamentais para planear a contenção dos efeitos do Covid-19", salienta.
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