Sindicatos não têm dúvidas de que Governo tem margem para aumentar os salários dos funcionários públicos.
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Centenas de serviços públicos estão encerrados, esta sexta-feira, devido à greve dos trabalhadores da Função Pública, que estão em protesto contra "propostas insultuosas do Governo" como o aumento salarial de 0,3%, lembrou a Frente Comum dos Sindicatos.
"Os serviços de saúde estão nos mínimos", afirmou hoje a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, da CGTP, Ana Avoila, assegurando já ter conhecimento de "centenas e centenas de serviços fechados".
Entre os principais motivos para o protesto está a proposta "insultuosa que o Governo fez, de aumentos de 0,3% aos trabalhadores da Administração Pública", recordou Ana Avoila durante a conferência de imprensa realizada esta manhã em frente ao Liceu Passos Manuel, em Lisboa.
Para a representante dos trabalhadores "não há argumentos para o Governo fazer o que fez durante o período da 'Troika'" porque agora "há dinheiro" e margem para avançar com aumentos salariais.
"Margem para aumentos há, não acreditamos é que o Governo tenha vontade de fazer os aumentos necessários para os trabalhadores da Administração Pública", disse Ana Avoila, referindo que os trabalhadores tiveram os salários congelados durante 10 anos e agora pedem um aumento de 90 euros que "não cobre os 133 euros necessários para repor o que perderam desde 2009".
Segundo as contas da Frente Comum, a década de congelamentos salariais traduziu-se numa perda média de 17% dos rendimentos dos trabalhadores.
Depois de apresentar a proposta de aumentos salariais de 0,3% para a função pública, o Governo chegou a dar a negociação por encerrada, mas a responsável pela pasta, a ministra Alexandra Leitão, voltou entretanto a convocar as organizações sindicais para reabrir o processo negocial, uma reunião que está marcada para 10 de fevereiro, após a votação do OE2020.
Para Ana Avoila, a marcação desta reunião é uma "provocação" e todo o processo negocial revela um "desrespeito pelos trabalhadores" e mostra como "a cultura democrática está tão baixinha que não se respeita ninguém".
A reabertura do processo negocial não foi suficiente para travar a paralisação, com a ministra a garantir que não era esse o intuito da marcação da reunião.
Segundo Ana Avoila, neste momento há "milhares e milhares de pessoas a caminho de Lisboa" para participar na manifestação que começa depois do almoço e termina em frente à residência oficial do primeiro ministro, António Costa.
Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 6 de fevereiro.
A última greve nacional da função pública que juntou as federações sindicais do setor da CGTP e da UGT realizou-se em fevereiro de 2019, contra a política salarial do executivo, e teve uma adesão superior a 80%, segundo os sindicatos.
Em 2019 não houve atualização salarial geral, mas o Governo decidiu elevar a remuneração mínima do Estado de 600 euros (equivalente ao valor do salário mínimo nacional naquele ano) para 635,07 euros.