Vários partidos políticos juntaram-se também à marcha organizada pela Associação Animal.
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Poejo está aqui para ladrar pelos direitos dos animais. Resgatado em cachorrinho, depois de ter sido abandonado pelos primeiros donos, este cão arraçado, hoje com quatro anos, já não é estreante em protestos.
"Ele já veio comigo a outras marchas e adorou. Toda a gente lhe fez festas, andou a pedir biscoitos a todos. Não tem problemas com multidões nem barulhos, não se chateia nada", conta a dona do Poejo, Patrícia Francisco.
Mas, apesar de marcar presença nas manifestações, Poejo não pode votar, nem explicar aos decisores porque é que é preciso mais dignidade para os animais. É, por isso, sublinha Patrícia Francisco, que têm de ser as pessoas a fazê-lo.
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"O que se pretende é que, cada vez mais, haja consciência de que os animais são seres sensíveis. É nesse sentido que nós, pessoas, que podemos falar, devemos manifestar-nos, para que eles não sejam considerados objetos", defende.
É junto à Praça de Touros do Campo Pequeno - um lugar simbólico - que Poejo, Patrícia e centenas de pessoas se concentram, para dar início a esta marcha, que pede que a Constituição proteja os direitos dos animais.
O Tribunal Constitucional já declarou, várias vezes, inconstitucional o artigo do Código Penal que considera crime os maus-tratos a animais de companhia, com base na falta de respalde constitucional e na imprecisão da lei, pelo que o legislador tem de intervir, ou a norma será nula.
Trata-se de uma iniciativa da Associação Animal, mas a ela juntam-se outras organizações e também partidos políticos.
É o caso do Bloco de Esquerda, cuja líder, Catarina Martins, lembrar que está agora em curso o processo de revisão Constitucional, pelo que é o tempo certo para agir.
"A lei de criminalização dos maus-tratos a animais de companhia tem tido pouca capacidade de aplicação porque o Tribunal Constitucional tem considerado que é preciso dar um passo na Constituição para que a lei possa ter efeito, portanto, este passo é muito importante", destaca a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Uma visão partilhada pela líder do PAN, que também marca presença nesta marcha. Inês Sousa Real destaca que tanto o PS como o PSD já deram sinais de acompanhar esta mudança na Constituição, pelo que está reunida a maioria necessária para que a proteção dos animais de companhia contra os maus-tratos possa ficar consagrada no texto.
Ainda assim, há outros desafios que se impõem, nota Inês Sousa Real, como as touradas, mas também os maus-tratos de equídeos - em que, para haver crime, é preciso rever o código penal.
"Atividades cruéis como a tauromaquia têm de ter o seu fim no nosso país, para que os animais possam sair reforçados na sua proteção", insiste.