Governador do Banco de Portugal não deixou passar polémica com o livro do antecessor e deixa apelo ao "respeito pelas instituições, quer quando as servimos, quer depois de as deixarmos de servir".
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O pretexto era homenagear a economista Manuela Silva, falecida em 2019, e que se notabilizou pelo combate às desigualdades sociais, mas como político que se tornou, Mário Centeno deu a volta ao discurso para criticar de forma implícita o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa.
Nas frases finais do discurso em que vincou que "a melhor estratégia para combater a desigualdade é a educação", Mário Centeno vai adiante lembrando que "não reduzimos a pobreza e desigualdade em democracia se não respeitarmos as instituições, quer quando as servimos, quer quando as deixarmos de servir". "Permitam-me que deixa aqui hoje este apelo, um apelo de respeito pelas instituições", termina o governador do Banco de Portugal.
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O nome não está lá, mas a crítica está feita. Menos de 24 horas depois de ter estalado a polémica com a pré-publicação do livro onde Carlos Costa, ex-governador do regulador da banca, tece duras críticas ao primeiro-ministro sobre a sua atuação em vários momentos, como uma alegada pressão para que Isabel dos Santos não fosse afastada da administração do Banco BIC e que já levou António Costa a avançar com um processo judicial.
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À saída, Mário Centeno ainda foi interpelado pelos jornalistas sobre se não queria detalhar o apelo feito, mas apenas respondeu que tinha sido "muito claro" no que tinha dito no palco.
Noutras notas da intervenção, Mário Centeno destacou que o principal legado de Manuela Silva foi o de "mostrar que estudar e cuidar dos que estão nas margens da sociedade e da economia é conhecer, cuidar e promover o bem comum".
"A melhor estratégia para combater a desigualdade de forma estrutural é, sem dúvida, a educação. A educação é o fator-chave para a inclusão económica e social, é a solução universal para alcançar o crescimento económico a longo prazo e, acrescento também, sustentável", notou ainda o governador do Banco de Portugal realçando dados dos estudos do regulador que mostram a importância da educação no combate à pobreza e desigualdade social.